28 jan, 2022 - 17:58 • Lusa
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O historiador Rui Tavares defendeu esta sexta-feira que “chega de uma direita a propor austeridade”, mas também de uma “esquerda que só reage em vez de propor modelos de futuro”, afirmando que o Livre pode fazer essa diferença.
Na última ação de campanha do Livre antes do fim da corrida eleitoral para as legislativas, Rui Tavares esteve no bairro da Graça, em Lisboa, para tentar convencer os últimos indecisos, numa entrega de panfletos.
“Chega de haver uma direita a propor ou austeridade, ou privatizações, mas depois uma esquerda que só reage em vez de propor modelos de futuro. O Livre trouxe a esta campanha assuntos de futuro e a partir do próximo dia 31 quer levá-los ao parlamento”, declarou.
Questionado sobre o que pode haver de diferente à esquerda depois de não ter havido um entendimento para aprovar o Orçamento do Estado para 2022, Tavares apontou o Livre como uma possível solução.
“O que pode haver de diferente é efetivamente o Livre estar na Assembleia da República e isso não havia até agora”, respondeu Tavares, em declarações aos jornalistas.
O dirigente quer levar à Assembleia da República uma maneira de fazer política que “leva uma cultura de diálogo e compromisso” que, para já, “põe exigência à esquerda”.
“Porque não tenha dúvidas de quando PS, PCP e Bloco virem que o Livre com posições de convergência foi eleito, voltou à Assembleia da República o que é aparentemente, segundo as sondagens, o único partido à esquerda que cresce entre 2019 e 2022, eles entenderão a mensagem que é que o eleitorado de esquerda favorece essas convergências”, vincou.
O historiador sustentou que é preciso um “modelo de desenvolvimento de futuro para o país”, baseada numa “economia do conhecimento e da descarbonização”.
O dirigente do Livre insistiu na ideia de que um governo de bloco central, entre PS e PSD, “é indesejável” e alertou para eventuais “perigos” de uma revisão constitucional “sem a ter debatido”.
Rui Tavares apontou que, “entre os dois maiores partidos”, Rui Rio “desde sempre revelou uma quase obsessão pela revisão constitucional, por causa das magistraturas, por causa do poder judicial e agora tem no programa do PSD uma revisão por causa das alterações climáticas que é de facto um exemplo de total branqueamento e de total utilização das alterações climáticas para um assunto que nada tem a haver com elas”.
“Pior, é se PS e PSD estiverem a fazer um acordo de governação, evidentemente que Rio porá uma revisão constitucional em cima da mesa e, portanto, é preciso ter muita atenção”, advertiu Tavares, argumentando que “quem está indeciso em votar no PS ou no PAN” para não ter Rui Rio no governo pode estar a votar “de uma forma e ver o seu voto ser utilizado de outra”.