31 jan, 2022 - 03:54 • Susana Madureira Martins
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Resumindo os últimos 15 dias do PS a cem à hora foi assim: a campanha eleitoral foi dividida com uma semana a pedir a maioria absoluta, a segunda semana a garantir diálogo com todos os partidos menos com o Chega e a noite eleitoral foi um misto das duas: a maioria absoluta em diálogo.
António Costa faz questão de dar vários sinais ao Presidente da República de que "maioria absoluta não é poder absoluto, não é governar sozinho" e esta vitória do PS trata-se de uma "enorme responsabilidade pessoal de promover consensos" quer no Parlamento, quer na concertação social.
E, a partir do Altis, mais uma vez o quartel-general escolhido pelo PS para uma noite eleitoral, ficaram mais garantias a Marcelo Rebelo de Sousa. Por exemplo, a de que o próprio Costa será o "primeiro garante" de que o Governo e o partido não pisará "o risco".
Mas a relação é recíproca, ou seja, o líder do PS também espera que Marcelo "continue a exercer o seu mandato presidencial nos termos da Constituição", mas ressalvando que irá prosseguir "uma relação de cooperação com os outros órgãos de soberania designadamente com o Presidente da República".
Costa promete uma "maioria de diálogo com todas as forças políticas" e "solidariedade institucional com a Assembleia da República e com o senhor Presidente da República", dando a garantia diretamente para Belém que quando for indigitado irá "manter aberto este diálogo durante toda a legislatura" e promover "reuniões com todos os partidos à exceção daquela que disse que não faz sentido ter diálogo", ou seja, o Chega.
O fantasma da maioria absoluta de José Sócrates, a primeira conquistada pelo PS, fez Costa dar outra garantia nesta noite eleitoral. A de ter como um dos "grandes desafios" desta legislatura "reconciliar os portugueses com a ideia das maiorias absolutas e que a estabilidade é boa para a democracia e não uma ameaça para a democracia".
O líder socialista, parecendo estar sempre a dirigir-se a Belém, garantiu ainda que esta será "uma maioria que protege a independência do poder judicial e cooperará com todas a instituições" e que saberá "interpretar fielmente o mandato".
Mandato que irá arrancar desde já a cumprir um dos compromissos da campanha, a aprovação do Orçamento do Estado de 2022, com o aviso de Costa que os socialistas serão "fiéis a todos os compromissos". Nomeadamente, o da promessa de um "governo que será mais enxuto e mais curto", mas, tal como Costa rematou nesta noite eleitoral, "cada coisa a seu tempo".