31 jan, 2022 - 11:00 • Olímpia Mairos
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O antigo líder parlamentar do CDS, António Lobo Xavier, reparte as culpas - entre a direção e os críticos – para os maus resultados do partido e a consequente saída do Parlamento.
Pela primeira vez em 47 anos de eleições democráticas, o partido não conseguiu eleger qualquer deputado, o que levou o líder Francisco Rodrigues dos Santos a anunciar a demissão.
“A culpa é própria, sempre, e a culpa é obviamente e em primeira linha dos dirigentes que estão, mas a culpa é muito generalizada. Esta culpa não é única. O clima de guerrilha e as frases assassinas não foram um exclusivo da direção do CDS ou dos apoiantes da direção”, afirma em declarações à Renascença.
António Lobo Xavier argumenta que “um partido retalhado e trucidado por divisões, que os seus militantes mais ilustres dizem as coisas mais inenarráveis sobre aqueles que estão à frente do partido, é uma situação que nesta dimensão nunca aconteceu na história”.
“Há uma responsabilidade de quem está, não soube envolver, não conseguiu unir, e não tinha capacidade própria para o fazer, mas há uma responsabilidade de todas as outras figuras do partido”, diz o ex-líder parlamentar.
Sobre o possível regresso do CDS ao Parlamento, Lobo Xavier alerta que “um partido que perde os seus lugares no Parlamento”, deve pensar que é “difícil voltar”.
“Nunca aconteceu na democracia portuguesa num partido com expressão e, portanto, é um momento triste”, destaca.
“Se é definitivo ou não isso depende de muitas coisas, depende de quem substitui o líder, da capacidade, do carisma, da sabedoria a envolver, da construção de um discurso que ao mesmo tempo respeite os valores fundacionais, mas que seja apelativo para a população e que seja compreendido”, explica.
Já sobre o papel que terá Marcelo Rebelo de Sousa, face à maioria absoluta do PS e da nova configuração da Assembleia da República, António Lobo Xavier refere que será diferente, mas não menos importante.
“Se até agora procurou unir um Governo com algumas fragilidades ou proteger a estabilidade governativa do país, quando havia fragilidades e ameaças, agora terá de controlar os exageros e os desmandos que São muitas vezes próprios das maiorias absolutas. Esse papel não é menos importante do que o papel da primeira parte do seu mandato”, conclui.