04 fev, 2022 - 11:11 • Marta Grosso com redação
O antigo líder do PAN, André Silva, critica fortemente a atual direção do partido, liderado por Inês Sousa Real, e revela disponibilidade para regressar às lides políticas.
A posição é assumida num artigo de opinião publicado nesta sexta-feira pelo “Público”, no qual André Silva ataca a estratégia da direção do PAN para as legislativas.
“Quem não sabe dançar, diz que a sala está torta”, diz o antigo líder, que assim intitula o seu artigo. André Silva diz que se tem mantido em silêncio desde a última intervenção pública, mesmo quando discordou “de várias opções políticas” do partido.
“Mantive-me em silêncio sob pena de a minha intervenção prejudicar o partido ou ser entendida como uma ingerência. E não participei nas campanhas eleitorais, autárquicas e legislativas, em obediência ao adágio que sempre ouvi em casa: à boda e ao batizado não vás sem ser convidado”, escreve.
O antigo líder considera, contudo, que “chegou o momento de falar”, face ao “profundo definhar do partido que ajudei a erguer”. E afirma estar “disponível, como sempre estive, para ajudar o meu partido a reposicionar-se e a reconquistar a credibilidade e a voz política que já teve, caso os filiados decidam por outra liderança”.
O Partido Pessoas Animais Natureza perdeu quatro deputados na Assembleia da República, ficando apenas com um: a porta-voz, Inês Sousa Real.
Legislativas 2022
Resultado da maioria absoluta do PS “não é só mau (...)
Na opinião de André Silva, estes resultados – que classifica de “catástrofe” – não se explicam com condicionalismos externos, defende.
“Apregoar que os resultados são fruto dos ataques de alguns setores que o PAN belisca, dos efeitos do voto útil, ou, pasme-se, do sistema eleitoral que prejudica os pequenos partidos é um insulto à inteligência”, escreve.
André Silva acusa ainda a atual direção de se ter comportado como “um afilhado do PS” nas eleições autárquicas.
Quando deixou a liderança, em junho de 2021, André Silva considerou estarem reunidas “todas as condições para que o PAN continue no seu caminho e no seu percurso de sucesso” e afirmou não antever “rigorosamente cenário nenhum que me fizesse voltar à política".
“Não há qualquer motivo para regressar porque, como referi, houve um período de afirmação e de consolidação do partido, que tem vindo a acumular sucessos e crescimento ao longo de todos estes anos”, considerou, adiantando que o PAN "tem todas as condições e todo o tempo" para "prosseguir aquilo que é o seu caminho" e o seu "percurso de crescimento".
Ressalvou, contudo, que aprendeu “a nunca dizer nunca e a nunca dizer sempre”.
Líder do partido Pessoas-Animais-Natureza terá Inê(...)