07 fev, 2022 - 19:11 • Lusa
A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, afirmou hoje não ter "qualquer tipo de receio" de ir a votos num congresso eletivo e criticou as demissões na Comissão Política Nacional, considerando que foram movidas por uma "agenda pessoal".
"Esta direção não terá qualquer tipo de receio, muito pelo contrário, de ir a congresso", afirmou a líder, defendendo que o "momento que o partido vive e o momento que o país também vive" exige "um elevado sentido de responsabilidade, de união, de maturidade e não de dissidência".
Em declarações à agência Lusa na sequência da demissão de vários membros da Comissão Política Nacional (CPN) do partido, Inês Sousa Real defendeu que "o PAN precisa de reflexão, precisa de trabalho interno e não de dissidências que a este tempo só vêm pôr interesses pessoais à frente daquilo que possam ser os interesses coletivos" e recordou que as pessoas que agora põem em causa a direção "faziam parte" dela.
De acordo com a líder do PAN, - que se encontra em isolamento por estar com covid-19 - no sábado a CPN esteve reunida "durante cerca de 12 horas" e foi aprovada a deslocação da direção pelo país para "auscultar todos os filiados" em relação à estratégia de futuro, apontando que "com o congresso não seria possível".
Dirigentes demissionários queixam-se de “total asf(...)
"Esta proposta foi aprovada com uma larga maioria e com apenas um voto contra, e portanto muito nos espanta estas demissões, que claramente só vêm denotar que há aqui uma agenda pessoal por detrás das demissões", acusou, criticando o que apelidou de um "espetáculo lamentável de cisão interna, que neste tempo é de facto tudo menos o que o PAN precisa".
Inês Sousa Real indicou que não afasta "a possibilidade de realização de um congresso", mas salientou que "devem ser primeiramente auscultadas as bases e posteriormente decidir, em função dessa mesma auscultação, o rumo que deve ser necessário para o país".
"Se filiados quiserem, lá estaremos para convocar o congresso", declarou, afirmando que a sua direção quer "fomentar uma maior democraticidade interna e participação, de forma transparente, aberta".
Pelo menos dez membros da Comissão Política Nacional do PAN apresentaram a demissão daquele órgão, entre os quais o ainda deputado Nelson Silva e os porta-vozes regionais dos Açores e Madeira, alegando "asfixia democrática interna".
Em comunicado, é referido que abandonaram o órgão máximo de direção política do partido Pessoas-Animais-Natureza entre congressos o deputado Nelson Silva (que falhou a eleição para a próxima legislatura), o porta-voz regional e deputado à Assembleia da Região Autónoma dos Açores, Pedro Neves, o porta-voz regional e cabeça de lista pela Região Autónoma da Madeira, Joaquim de Sousa, e ainda vários representantes e membros de comissões distritais e regionais.
André Silva antecedeu Inês Sousa Real à frente do (...)
Inês Sousa Real falou num número menor de demissões, sustentando que aqueles que eram membros por inerência perderam o assento na Comissão Política Nacional na sequência da rejeição pelo Tribunal Constitucional das alterações aos estatutos aprovadas no congresso de junho.
No entanto, referiu que estes dirigentes estiveram presentes na reunião de sábado, tendo sido "convidados a participar no debate interno em torno do resultado eleitoral".
A porta-voz do Pessoas-Animais-Natureza considerou também que estas demissões constituem "uma jogada manifestamente infeliz, que nada dignifica ou eleva o partido".
"As pessoas esperam uma atitude diferente das outras forças políticas, aliás, critica-se tantas vezes em política este tipo de golpes palacianos ou este tipo de jogos políticos", acrescentou.
A Comissão Política Nacional do PAN é composta por 27 membros efetivos eleitos em congresso e, com a alteração dos estatutos no último congresso do partido, em junho, passou a incluir também um representante de cada Comissão Política Distrital e de cada Estrutura Regional Autónoma (que gozam de autonomia política, organizativa e financeira), bem como por um representante da estrutura da juventude, cuja formação também foi aprovada em congresso.
Esta alteração foi rejeitada pelo Tribunal Constitucional já no início deste ano e voltou a vigorar a anterior versão dos estatutos do PAN.