09 fev, 2022 - 12:05 • Manuela Pires
Chegou à residência oficial de São Bento com várias pastas na mão,
mas ainda não tem os nomes do novo Governo e garante que os convites só serão
feitos mais perto da data da tomada de posse, em 23 de fevereiro.
“Apesar de não ter tido sintomas muito graves, a Covid-19 não deixa de afetar e, por isso, não era o momento de pensar nessas coisas. Só perto de dia 23 farei os convites”, esclareceu o primeiro-ministro que nesta quarta-feira inicia uma série de audiências de preparação da legislatura.
A primeira é com a presidente do Conselho das Finanças Públicas, terminando a ronda na terça-feira da próxima semana, com os partidos com assento parlamentar mas sem o Chega.
António Costa explicou a ausência do partido de André Ventura dizendo que há “matérias onde o Governo ouve institucionalmente todos os partidos, mas, desta vez, são reuniões de preparação de legislatura e de programa de Governo e aí não há qualquer convergência com o Chega, como disse na campanha eleitoral”.
Tal como anunciou o Presidente da República, o Governo toma posse em 23 de fevereiro e na semana seguinte deverá ser discutido o programa de Governo na Assembleia de República. Logo depois, dará entrada a proposta de Orçamento do Estado.
António Costa já deu indicação ao Ministério das Finanças para ter tudo preparado, com a atualização que o cenário macroeconómico permite e com a introdução das matérias que tinham ficado acordadas com os partidos da "geringonça". Apesar da maioria absoluta, o primeiro-ministro garante que as reuniões com os partidos são conversas abertas. "Se houver alguma sugestão interessante e viável para o país, poderemos tentar considerar”, diz Costa.
Na residência oficial em São Bento, o primeiro-ministro foi ainda questionado pelos jornalistas sobre o regresso dos debates quinzenais ao Parlamento, que é exigido por vários partidos. António Costa mostra disponibilidade e diz que “o Governo toca a música que o mandarem tocar".
"Se for diário, irei lá todos os dias”, declarou, acrescentado que não é contra a periodicidade dos debates, mas apenas contra o modelo, que “mais parecia um duelo pouco saudável em democracia, um 'sketch' televisivo”.
Questionado pelos jornalistas sobre os alertas que o Presidente da República tem feito a propósito da execução dos fundos do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), o primeiro-ministro diz não ver nessas palavras qualquer recado ou aviso. “Não vi qualquer aviso ao Governo, mas antes uma chamada de atenção a todo o país para a urgência de não se perder tempo na execução do PRR”, respondeu.
Ainda nada está decidido. O primeiro-ministro vai falar com o Presidente da República, esta quarta-feira, para avaliar se há vantagem em marcar uma nova reunião no Infarmed, com especialistas, de forma a avaliar o levantamento de restrições devido à pandemia de covid 19.
“Ainda esta semana ou na próxima, o Governo vai receber o parecer dos diferentes especialistas que têm apoiado o executivo e que estão a ponderar quais as alterações que devem ser introduzidas”, declarou Costa, acrescentando que, depois de ter estado contaminado, ninguém deve desvalorizar a doença: “Por experiência própria, porque mesmo quando os sintomas não são graves, eu nunca tive febre, o nível de cansaço é extremamente elevado e eu hoje ainda não me sinto totalmente recuperado para ir correr oito quilómetros."