30 mar, 2022 - 18:16 • Tomás Anjinho Chagas
No discurso da tomada de posse do XXIII Governo Constitucional, o Presidente da República lança um aviso sério ao primeiro-Ministro, António Costa, sobre uma eventual saída do cargo antes do final do mandato.
“Agora que ganhou e ganhou
por quatro anos e meio, tenho a certeza que vossa excelência sabe que
não será
politicamente fácil
, que esse rosto, essa cara que venceu de forma
incontestável e notável as eleições
, possa ser substituída por outra a meio do
caminho
”, diz Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República destaca que os portugueses deram uma vitória expressiva não só ao Partido Socialista, mas também a António Costa. “Deram a maioria a um partido mas também a um homem”.
Marcelo Rebelo de Sousa considera que o primeiro-Ministro “fez questão de personalizar o voto ao falar na escolha entre duas pessoas”, durante a campanha, e isso reforça a responsabilidade de António Costa de manter-se em funções como chefe de Governo até ao final da legislatura.
Mas essa não foi a única mensagem do Presidente da República, que deixou vários recados ao Governo, acabado de tomar posse. Uma das principais mensagens sublinhadas por Marcelo Rebelo de Sousa foi a necessidade de haver um reconhecimento de que uma maioria absoluta não é poder absoluto.
“Portugueses escolheram a maioria absoluta. Escolheram não ter o que havia e mudar. Deram maioria absoluta, não deram nem poder absoluto nem ditadura de maioria”, reforça o Chefe de Estado.
A questão da guerra na Ucrânia não passou ao lado deste discurso do Presidente ao agora empossado Governo. Marcelo Rebelo de Sousa fez questão começar precisamente pelo conflito no Leste da Europa, defendendo que o mundo mudou “sem ninguém ter dado conta”. As primeiras palavras do Presidente da República serviram para recordar a madrugada do dia 24 de fevereiro, altura em que começaram os ataques russos.
Marcelo Rebelo de Sousa acredita mesmo que estamos perante uma “nova Guerra Fria” que se tem tornado “quente, muito quente” para os Ucranianos.
Marcelo denuncia atropelos a direitos humanos levados a cabo pela Rússia, que tem motivações diferentes da União Soviética na Guerra Fria, mas com efeitos semelhantes e devastadores.