02 abr, 2022 - 11:56 • Tomás Anjinho Chagas
Na Cidade Berço, em Guimarães, o sonho é fazer “renascer” o CDS, que vem do maior hecatombe eleitoral e perdeu a representação no Parlamento. O 29.º Congresso começou este sábado, e a manhã foi marcada por vários pedidos para que a discussão não suba de tom.
O primeiro a fazê-lo foi o presidente do Congresso, Martim Borges de Freitas. “Vamos ter de dar uma grande prova de maturidade política e que este é um partido que sabe discutir ideias com urbanidade”, disse o centrista, lembrando que o Congresso está a ser visto por todo o país.
Os apelos à paz sucederam-se discurso após discurso, as metáforas foram feitas aludindo à cidade onde o Congresso acontece.
“Neste percurso, não tivémos a inteligência de seguir Afonso Henriques, quando, nas suas batalhas, conquistou os que pensavam diferente e se tornaram assim um mais no seu exército”, afirma Nuno Vieira e Brito, presidente da concelhia de Guimarães.
O dirigente centrista pede que, como é usual no CDS, seja feito um debate ente as várias moções, mas que assim que uma delas vença, haja uma pacificação entre as várias alas dentro do partido.
“Após esta batalha ideológica, reunamos todos no Campo de São Mamede e que nos inspire na construção de uma estratégia de reconquista”, defende Nuno Vieira e Brito.
Depois de vários anos em que os ânimos dos Congressos e dos Conselhos Nacionais do CDS escalaram, os apelos à calma foram um denominador comum entre os discursos iniciais.
“A defesa das ideias não é condizente com o aumento dos decibéis”, atira o vice-presidente da Distrital de Braga, Ricardo Mendes. Esta distrital é liderada por Nuno Melo, um dos candidatos à liderança dos centristas neste Congresso.
“Nesta terra, Guimarães, que é o berço da nação, onde nasceu Portugal, que façamos tudo para que renasça o CDS”, deseja Ricardo Mendes.
No final da manhã foi o secretário-geral do partido que subiu ao púlpito. Francisco Tavares, da direção de Francisco Rodrigues dos Santos, faz uma retrospetiva e um “mea culpa” pelo desaire eleitoral.
“Hoje, por culpa própria, e faço também um mea culpa, o CDS está fora do Parlamento e eu não tenho um partido que me represente”, admite Francisco Tavares.
Mas, pessoalizando, o secretário-geral deixou uma mensagem de apoio ao presidente demissionário. “a minha primeira palavra de agradecimento a todos esses milhares de militantes que deram tudo pelo partido”, Francisco Tavares defende que Francisco Rodrigues dos Santos foi o que “mais se esforçou” e que “menos merecia” a derrota eleitoral.
“Tenho muito orgulho em ti e no trabalho que fizémos”, garante o secretário-geral do CDS enquanto aponta para Francisco Rodrigues dos Santos. “Este foi apenas um capítulo. Sei que será apenas um até já”, atira Franciso Tavares, com a mira no futuro.
Ao contrário do que tinha sido prometido pela atual direção do CDS, o relatório das contas do partido não vai ser apresentado neste Congresso.
Numa altura em que a atual situação financeira do partido é grave, a dívida permanece desconhecida. O CDS já estabeleceu que as estruturas distritais e locais do partido têm de autossustentar-se. Há distritais que não vão conseguir manter as sedes físicas abertas. Estão também a ser feitas rescisões amigáveis com funcionários do partido para reduzir os custos.
O saldo da dívida centrista fica assim por apresentar aos militantes. O prazo legal é o final do mês de maio e esse balanço ficou prometido para o próximo Conselho Nacional do CDS.