03 abr, 2022 - 14:42 • Tomás Anjinho Chagas , Susana Madureira Martins
Não perde pela demora. No dia em que assume funções como presidente do CDS, Nuno Melo revela que o partido estará “pronto” para eleições legislativas antecipadas e promete que esse será o dia do regresso “à Assembleia da República”.
No primeiro discurso enquanto líder dos centristas, o eurodeputado aproveitou o balanço das palavras de Marcelo Rebelo de Sousa na tomada de posse do Governo. Na semana passada, o presidente da República avisou António Costa que uma saída antecipada do cargo de Primeiro-Ministro poderia resultar em eleições antecipadas. Nuno Melo não esconde que essa eventual crise política pode ser a janela de oportunidade de o CDS voltar ao Parlamento.
“Nós não sabemos das ambições pessoais do Primeiro-Ministro, que tem os olhos no Terreiro do Paço, mas tem o coração em Bruxelas”, pica Nuno Melo, projetando uma saída de António Costa para um cargo europeu antes do final do mandato.
O novo presidente do CDS ressalalva que o partido é “pela estabilidade dos mandatos”, mas diz também que, “a julgar” pelo que sabe o Presidente da República, “teremos eleições antecipadas”. E quando o momento chegar, Nuno Melo promete que o CDS estará pronto para voltar a eleger deputados para o Parlamento.
Num discurso onde insistiu várias vezes que o CDS “não está morto” e que o partido “faz falta”, os agradecimentos foram da família por não lhe “cortar o sonho” aos convidados de outros partidos (Ana Catarina Mendes- PS; Salvador Malheiro- PSD, por exemplo).
Mas se o CDS se foi embora do hemiciclo na Assembleia da República, Nuno Melo considera que o lugar (pelo menos o ideológico) ficou por ocupar.
“Quando o IL quer sentar-se à esquerda do PSD. O PSD é um partido de centro e o Chega quer sentar-se à direita do regime. Há um espaço à direita do PSD por ocupar. Um buraco doutrinário”, destaca Nuno Melo, que o reivindica para o CDS.
Nuno Melo foi hoje eleito presidente do CDS-PP, depois de a sua Comissão Política Nacional obter 74,93% dos votos dos delegados ao 29.º congresso nacional do partido, que termina hoje em Guimarães (distrito de Braga).
Os resultados foram anunciados pelo presidente da Mesa do Congresso, Martim Borges de Freitas, na abertura da sessão de encerramento. O anúncio foi feito pelas 14:15, depois de os delegados terem votado para eleger os novos órgãos durante a manhã.
A lista do novo líder recebeu 858 votos, o que corresponde a 74,93%, e 287 votos em branco, de um total de 1.145 votantes.
Pouco antes do encerramento das urnas, elementos da Juventude Popular distribuíram pelos lugares bandeiras do partido e daquela estrutura que represta os jovens do CDS-PP.
À medida que se aproximava a hora do anúncio dos resultados, os delegados foram entrando e tomando os seus lugares, mas tiveram de aguardar, dado que a sessão de encerramento estava prevista para as 12:30 mas começou com uma hora e meia de atraso. .
O novo líder, Nuno Melo, entrou na sala às 14:00, tendo sido aplaudido de pé pelos congressistas.
Minutos depois, o presidente do congresso pediu desculpa pelo "ligeiro atraso", justificando que se deveu à contagem dos votos.
Martim Borges de Freitas cumprimentou um a um os representantes dos partidos, do Governo e entidades presentes. No caso da embaixadora da Ucrânia em Lisboa, foi aplaudida de pé pelos congressistas.
Há dois anos, a Comissão Política Nacional de Francisco Rodrigues dos Santos, o líder cessante, recebeu 865 votos, o que correspondeu a 65,7%, e 451 votos em branco.