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Discurso do 25 de abril

Santos Silva vira discurso para a emigração e destaca Portugal como "berço" onde "cabem todos"

25 abr, 2022 - 10:28 • Tomás Anjinho Chagas

Presidente da Assembleia da República foi interrompido por uma indisposição de um funcionário do Parlamento.

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No primeiro discurso do 25 de abril enquanto Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva destaca a importância dos emigrantes portugueses e também dos imigrantes que escolhem Portugal para a "pátria de acolhimento".

De cravo ao peito, Santos Silva começou o discurso por sublinhar o contexto europeu "particularmente dramático", causado pela guerra "desencadeada pela Rússia". O Presidente da Assembleia da República fala na "mais grave ameaça, em décadas, à segurança europeia e à paz mundial".

A sessão solene do 25 de abril foi interrompida, por uma indisposição de um dos funcionários da Assembleia da República. Foi inicialmente assistido por Pedro Nuno Santos, mas foram António Lacerda Sales (PS) e Ricardo Baptista Leite (PSD), ambos médicos de profissão, que prestaram auxílio a este trabalhador do Parlamento. A pausa forçada durou perto de 10 minutos, altura em que a pessoa em causa foi transportada para o hospital.

Mas o grosso do discurso foi dedicado à "capacidade portuguesa de comunicar com todos ". Augusto Santos Silva lembra que "em tempos de fechamento e ódio", Portugal continua de portas abertas de cidadãos de "todas as nacionalidades sem que isso constitua qualquer problema".

O novo presidente da Assembleia da República citou o Vitorino Magalhães Godinho para dizer que " a emigração é, desde o século XV, uma constante estrutural da nossa história ". O socialista reforça a importância dos que escolhem Portugal para viver e trabalhar, mas também a contribuição dos emigrantes para a economia portuguesa através das " remessas".

O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros admite que o dia dedicado ás comunidades portuguesas, normalmente, é o 10 de junho . No entanto, Augusto Santos Silva acredita que o 25 de abril é a "melhor data" para evocar a ligação entre a "democracia e as comunidades ", lembrando que há mais de cinco milhões de portugueses a viver em mais de 180 países.

O Presidente da Assembleia da República destaca mesmo que as comunidades portuguesas são "a demonstração concreta de quão falso é o mito da contradição entre identidade originária e integração, sobre que repousam variadas estirpes de xenofobia".

Santos Silva fala numa "dupla vinculação harmoniosa", entre a ligação "profunda" a Portugal e o respeito que têm por outras sociedades . Houve ainda tempo para uma referência aos " retornados" que vieram para o nosso país depois do processo de descolonização, "sem nenhuma fratura".

O socialista aproveitou o momento para sublinhar a importãncia da " participação cívica e eleitoral ", patente na afluência nas últimas eleições legislativas, em janeiro deste ano, nos círculos da emigração. Santos Silva considera que isso só acontece por causa do alagamento direito de voto a todos, por uma "democracia de todos nós".

O novo Presidente da Assembleia da República acredita que "ao contrário da ditadura, a democracia não esconde os problemas ". Um deles, diz Santos Silva, é o da emigração de muitos jovens qualificados .

A terminar o discurso, o socialista retrata Portugal como o "berço e casa de gente a seu modo cosmopolita, pacífica, humanista, solidária, aberta aos outros ".

Augusto Santos Silva agradeceu aos Capitães de Abril por terem construído "uma democracia onde cabem todos os portugueses, independentemente do lugar onde nasçam ou residam ".

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