09 mai, 2022 - 14:10 • Manuela Pires , Marta Grosso
Uma semana depois da aprovação do Orçamento do Estado, o Governo ainda não deu qualquer sinal para negociar na especialidade algumas das propostas da oposição.
Rui Tavares, do Livre, que se absteve na generalidade, diz que até agora ainda não aconteceu nada “para lá dessa abertura demonstrada para dialogar”.
“Não tivemos reuniões técnicas, não tivemos ainda um tipo de profundidade na discussão e nos detalhes da proposta que nos possam garantir que, efetivamente, aquilo que Portugal, como outros países têm de fazer agora – isolar politicamente Putin, isolar termicamente as nossas casas – vá mesmo acontecer e que haja os fundos disponíveis no Orçamento de 2022 para o poder fazer”, afirmou aos jornalistas, nesta segunda-feira, no Palácio de Belém.
Inês Sousa Real, do PAN, também garante não ter havido qualquer contacto com o Governo.
“Este é o primeiro teste, a primeira prova de fogo para o tipo de Governo que a maioria absoluta do PS quer ser: se, de facto, vai ser uma maioria dialogante na prática, tal como diz, ou se vai ficar apenas pelas palavras e se vai, ou não, depois estar disponível”, afirma, garantindo que, da parte do Partido Pessoas Animais Natureza, “vamos pedir reuniões sectoriais e esperamos que sejam acolhidas por parte do Governo”.
O PAN e o Livre foram os dois primeiros partidos a ser recebidos nesta segunda-feira de manhã pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que dedica o dia a ouvir os partidos com assento parlamentar.
Seguiu-se o Bloco de Esquerda, para quem o Governo está a seguir um caminho errado quando recusa controlar os preços e aumentar salários.
Catarina Martins falou sobre o Orçamento do Estado com Marcelo Rebelo de Sousa, tendo alertado para o risco de pobreza dos portugueses.
“Vai fazer um ano que estamos neste ciclo de inflação; não temos, do ponto de vista internacional, infelizmente, boas notícias que nos digam que vá terminar em breve e, portanto, sem controlo de preços e sem atualização de salários e inflação, o que estamos a falar é do empobrecimento da população portuguesa”, afirmou aos jornalistas.
Por isso, o Bloco defende que a estratégia seguida pelo Governo “é, não só uma estratégia errada do ponto de vista económico, como uma estratégia inaceitável do ponto de vista social”.
O Bloco de Esquerda votou contra a proposta do Orçamento do Estado para 2022 na generalidade.
O PCP continua a dizer que é necessário o aumento de salários e de pensões, a que o Orçamento do Estado não dá resposta.
À saída do encontro com o Presidente da República, onde se falou apenas da proposta do Governo, Jerónimo de Sousa garantiu que o PCP vai lutar pelas suas propostas no debate na especialidade, apesar da maioria absoluta do PS.
“Estamos perante uma maioria absoluta, mas isso não nos leva ao desalento, na medida em que o Governo de maioria absoluta, mais do que se confrontar com o PCP ou outro partido, vai confrontar-se com a realidade e a realidade é o agravamento das condições de vida”, rematou no final da reunião com Marcelo Rebelo de Sousa.