10 mai, 2022 - 15:06 • Manuela Pires
O Chega já entregou o pedido para a criação de uma comissão parlamentar de inquérito à atuação do Estado no estabelecimento de parcerias com associações de cidadãos russos no acolhimento e integração dos cidadãos ucranianos em Portugal.
No requerimento, entregue esta terça-feira na Assembleia da República, o partido de André Ventura entende que apenas uma “comissão de inquérito vai permitir realizar todas as indagações necessárias para descobrir quem são os envolvidos e onde é que o Estado português pode estar a falhar com as suas obrigações”.
Em declarações aos jornalistas, André Ventura diz que tem informações de que o regime russo atribuiu milhares de dólares a algumas associações que operam em Portugal e que as autoridades governamentais foram sendo informadas desse facto desde 2011.
“Queremos saber como é que a informação, de que estas associações que eram financiadas pelo Kremlin, não chegou à Câmara de Setúbal, não chegou ao primeiro-ministro ou à ministra da Presidência e foi ignorada. E sabemos que desde 2011 que estas associações ucranianas estavam a alertar para esta situação”, disse o líder do Chega.
Questionado pelos jornalistas sobre a viabilidade da comissão, André Ventura “espera abertura por parte dos outros partidos, já que oficiosamente e alguns formalmente têm mostrado abertura à comissão de inquérito”.
A ideia da criação de uma comissão de inquérito parlamentar foi levantada no passado domingo por Luís Montenegro, candidato à liderança do PSD que desafiou a oposição a avançar com este inquérito, depois do Partido Socialista ter rejeitado a vinda do autarca de Setúbal.
Os inquéritos parlamentares são criados "mediante deliberação expressa do plenário ou por "requerimento de um quinto dos deputados em efetividade de funções", ou seja, 46.
O Grupo Parlamentar do Chega é constituído por 12 deputados, pelo que precisaria de mais deputados de outros partidos para aprovar a constituição desta comissão parlamentar de inquérito.
Mas, por agora, os plenários estão suspensos até ao fim do mês devido à discussão do Orçamento do Estado na especialidade.