22 mai, 2022 - 15:36 • Lusa
O líder do PCP, Jerónimo de Sousa, acusou hoje o Governo do PS de fazer "uma política de meias-tintas" por se recusar a aumentar os salários e pensões e a travar a escalada de preços.
"Em vez de agir e decidir para travar a escalada dos preços e promover o aumento dos salários e reformas, fica-se pela política das meias-tintas, deixando em roda livre a especulação e o acumular de lucros desmedidos pelo grande capital", criticou.
Num comício em Baleizão, Beja, Jerónimo afirmou que o PS prometeu, na campanha eleitoral, valorizar salários e reformas, assinalando que, agora, "apanhado com a maioria absoluta que ambicionava e de mãos livres", o Governo "esqueceu a promessa".
Alertando para "a desvalorização acentuada dos salários e das reformas" e para a taxa de inflação de 7,2% em abril, o secretário-geral comunista notou que o PS "está já a fazer o contrário do que anunciou".
"De facto, o que se vê é a recusa por parte do Governo do aumento geral dos salários, de todos os salários, no setor público e no setor privado, quando ele é hoje ainda mais necessário para fazer face ao aumento do custo de vida", sublinhou.
Em relação aos reformados e pensionistas, continuou Jerónimo de Sousa, acontece o mesmo, pois "o Governo continua a recusar um aumento geral de todas as pensões que permita fazer face à inflação e recuperar poder de compra".
"E mesmo os reformados e pensionistas com pensões mais baixas que vão agora completar o recebimento, com retroativos, o aumento de 10 euros que ficou instituído por iniciativa do PCP, vão agora ficar condenados a perder poder de compra", acrescentou.
Para o líder do PCP, "o aumento geral dos salários para todos os trabalhadores é possível e necessário, valoriza os trabalhadores, dinamiza a economia, dá sustentabilidade à Segurança Social, constrói reformas dignas no futuro de cada um".
O dirigente comunista frisou que o "deixar andar e fechar os olhos à especulação e à exploração está bem patente" na proposta de Orçamento do Estado para este ano, considerando que no documento "não se veem as soluções para estes e outros problemas".
Jerónimo de Sousa discursava num comício em Baleizão, integrado na cerimónia de homenagem a Catarina Eufémia, trabalhadora rural assassinada pelas forças do regime fascista há 68 anos, em 19 de maio de 1954, nesta aldeia.
"Tal como no passado, os trabalhadores e o nosso povo travam hoje uma batalha contra a desvalorização dos seus salários, das suas reformas e pela sua valorização, e em defesa das suas condições de vida e pelo direito ao trabalho com direitos", disse.
Segundo o líder comunista, "a pretexto da guerra e das sanções" assiste-se ao "crescente agravamento da situação económica e social", em que "a salvaguarda dos lucros dos grupos monopolistas tomam a dianteira, em detrimento das condições de vida do povo".
"O que aí está é um autêntico assalto ao bolso de quem trabalha da parte dos grupos económicos, com os seus aumentos especulativos dos bens essenciais, dos alimentares à energia, dos combustíveis aos transportes, à água e habitação", salientou.
No seu discurso de cerca de 20 minutos, o secretário-geral do PCP vincou que as grandes empresas estão a acumular "lucros desmedidos", dando como exemplo a petrolífera Galp, cujos lucros no primeiro trimestre deste ano "cresceram quase 500%".