01 jun, 2022 - 22:45 • Ana Carrilho
Conselho de Ministros aprova esta quinta-feira a Agenda do Trabalho Digno e envia o diploma de imediato para o Parlamento. O objetivo é que seja aprovado antes das férias parlamentares.
“O nosso objetivo é que todas as (70) medidas da Agenda do Trabalho Digno estejam em vigor no início do próximo ano”, afirmou a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social em declarações à Renascença, horas antes do Conselho de Ministros.
Ana Mendes Godinho admite que há algumas medidas que não precisam de passar pelo processo legislativo e que podem ser implementadas mais cedo. Por exemplo, os novos mecanismos de fiscalização de fenómenos de irregulares no mercado de trabalho e que segundo a ministra, já estão a avançar, por exemplo, com o cruzamento de dados entre a Segurança Social e a ACT – Autoridade para as Condições de trabalho, para detetar situações de trabalho precário injustificado.
Para a ministra, aprovar a Agenda do Trabalho Digno é uma emergência para cumprir três missões que considera fundamentais. Por um lado, o reforço dos mecanismos de combate ao trabalho precário.
Entre as várias medidas, Ana Mendes Godinho destaca a que impede a continuação de contratos a termo por mais de quatro ano. “O objetivo é promover o emprego sustentável e estável: as pessoas não podem viver eternamente sem um contrato estável”. Uma medida que considera “poderosa mensagem para os jovens”, já que 62% dos jovens trabalhadores têm um contrato de trabalho não permanente; a média da União Europeia é de 49%.
Uma segunda missão prende-se com a valorização dos jovens trabalhadores, estudantes e os estágios profissionais. A terceira missão fundamental da Agenda, segundo a ministra, é a promoção da conciliação da vida pessoal e profissional, com por exemplo, a diferenciação e majoração dos subsídios ligados á parentalidade quando há partilha efetiva entre homens e mulheres.
O documento não mereceu o acordo dos parceiros soc(...)
O governo vai aprovar um documento que passou pela Concertação Social, mas que não mereceu o acordo dos parceiros, nem sindicais nem sobretudo patronais. As confederações empresariais contestam especialmente as alterações à legislação laboral.
O Executivo deixou cair o aumento das horas extraordinárias além das 120 anuais para os valores que estavam a ser pagos antes da intervenção da troika, até 2012. É uma matéria que ficou para o Acordo de Rendimentos e Competitividade que vai começar a ser discutido na Concertação Social no fim do mês.
No entanto, mantém-se o aumento da compensação para 24 dias/ano pelo fim dos contratos a termo certo ou incerto.
Questionada sobre a possibilidade de haver algum tipo de compensação para as empresas em sede de Acordo de Rendimentos e Competitividade, a Ministra do trabalho garante que o governo não pensa em compensações, mas sim em pontes de entendimento. “O que temos procurado são pontes e pontos de entendimento. É nesse sentido que continuamos a trabalhar, nunca pensamos em compensações. Pelo contrário, há instrumentos para o crescimento inclusivo. Um deles é a Agenda para o Trabalho Digno; o outro é o Acordo de Rendimentos e Competitividade”.
OE 2022
Questionado sobre a eficácia das medidas de apoio (...)
Com o aumento da inflação, que já atingiu os 8% em maio, os rendimentos dos trabalhadores e famílias são cada vez mais baixos. O Presidente da República já alertou que, com a continuação da guerra e o aumento de bens e produtos essenciais, muito provavelmente, a subida da inflação não é temporária, como referia o Governo. E aconselhou uma revisão da previsão de inflação de 4 para 6% em 2022.
Além disso, vários economistas já defendem que os salários e as pensões têm de subir. Mas Ana Mendes Godinho escusou-se a fazer comentários, deixando apenas a garantia que o governo está a acompanhar a situação e agirá conforme as circunstâncias.
Para já apenas está previsto o aumento extraordinário de 10 euros para as pensões até 1.108 euros, que vai ser pago em julho, com retroativos a janeiro.
E lembra que o Executivo está empenhado em agir em três dimensões: sobre os custos de produção, com medidas específicas para alguns setores mais expostos ao aumento dos preços dos combustíveis e energia e com medidas de apoio às populações mais vulneráveis. O cabaz alimentar é uma delas que segundo a ministra, já chegou a mais de um milhão de pessoas.