07 jun, 2022 - 13:13 • Tomás Anjinho Chagas
“O aumento dos preços dos combustíveis é escandaloso”, aponta Jerónimo de Sousa. O secretário-geral do PCP deu uma conferência de imprensa na manhã desta terça-feira, na Rua Soeiro Pereira Gomes, emblemática sede do partido.
A preocupação estende-se a quase todos os setores da economia. O PCP exige o aumento dos salários e, sobre esse tema, acusa o primeiro-ministro de “contradição”.
Jerónimo de Sousa refere-se às declarações de António Costa este fim-de-semana, em que pediu um “esforço coletivo” para aumentar os salários em 20% nos “próximos quatro anos”. O líder comunista não compreende como é que é feito este pedido quando o próprio governo só prevê um aumento de 0,9% para a função pública este ano. “Acho que isto não dá a cara com a careta”, atira.
E sobre o aumento dos preços, as declarações acabaram por tocar no tema da guerra. Jerónimo de Sousa defende o fim de todas as sanções, incluindo à Rússia. “Acabe-se com as sanções! Acabe-se com a especulação”, diz o secretário-geral dos comunistas, que considera que quem paga por elas são “os trabalhadores e o povo”.
“Há um nó que temos de desatar”, diz o líder comunista ao apontar para a necessidade de transferir as “receitas” e não apenas “as competencias”.
“Como é que as autarquias vão resolver os problemas que existem?”, questiona Jerónimo de Sousa. O secretário-geral do PCP considera que “sem as verbas necessárias” para executar, as autarquias arriscam-se a falhar perante a população.
Depois de o município do Porto ter abandonado a Associação Nacional de Municípios Portugueses por causa do tema da descentralização, o PCP compreende a decisão de Rui Moreira que “naturalmente tem razão” de queixa.
No entanto, os comunistas defendem que o processo deve ser negociado através da ANMP e deve ser por aí que o governo “destata o nó”.
Eventuais mudanças na liderança do PCP? Foi a última pergunta da conferência de imprensa. “Estava a ver que não perguntava!”, respondeu Jerónimo de Sousa com boa disposição.
“Algum dia terá de ser, creio que esta é a melhor resposta”, diz o líder comunista sem se alongar sobre isso. Jerónimo de Sousa não esclareceu se esse vai ser um dos temas abordados na Conferência Nacional de novembro.
A conferência de imprensa serviu também para divulgar que depois desta reunião do Comité Central que decorreu domingo e segunda, o PCP decidiu convocar uma Conferência Nacional para 12 e 13 de novembro.
Chama-se “Tomar a iniciativa, reforçar o Partido, responder às novas exigências” e deve acontecer “algures na Área Metropolitana de Lisboa”, revela Jerónimo de Sousa.
O Comité Central decidiu também promover Paula Santos, a líder parlamentar do PCP, que passa agora a integrar a Comissão Política.
Jerónimo de Sousa fala numa mudança causada por “um facto incontornável”: a saída de João Oliveira do Parlamento. A subida de Paula Santos é a solução e uma “decisão acertada”, diz o secretário-geral do PCP.