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Eutanásia. Confissões religiosas criticam "obsessão do Parlamento"

09 jun, 2022 - 19:49 • Lusa

"Apresentar a eutanásia ou o suicídio assistido como resposta social ou avanço civilizacional a alguém que enfrenta um sofrimento insuportável não constitui uma opção de modernidade, mas uma desistência da pessoa", defende o Grupo de Trabalho Inter-Religioso/Religiões-Saúde.

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O Grupo de Trabalho Inter-Religioso | Religiões-Saúde (GTIR) criticou hoje "a obsessão da Assembleia da República pela eutanásia e pelo suicídio assistido".

Horas depois da aprovação pelo parlamento, na generalidade, de quatro projetos - de PS, BE, IL e PAN - que regulam a despenalização da morte medicamente assistida, os quais seguem agora para a discussão na especialidade, o GTIR considera que esta "parece ser a resposta que a sociedade, por imposição da Assembleia da República, tem para oferecer aos doentes em sofrimento severo e em fim de vida".

Os membros do GTIR, signatários da declaração "Cuidar até ao fim com compaixão", de 16 de maio de 2018, acrescentam que "apresentar a eutanásia ou o suicídio assistido como resposta social ou avanço civilizacional a alguém que enfrenta um sofrimento insuportável não constitui uma opção de modernidade, mas uma demissão, uma desistência da pessoa, uma violência".

A aprovação da despenalização da eutanásia "cria na sociedade a cultura da morte, a cultura da desistência e o dever de pedir o suicídio a fim de libertar a família e/ou a sociedade de um peso".

"A lei da eutanásia e do suicídio assistido é, na verdade, contrária à experiência de muitos que se empenham em acompanhar doentes em situação de sofrimento severo e terminal. A oferta de uma ajuda humana integral por equipas multidisciplinares, dando garantia de não abandono, leva frequentemente o doente a deixar de falar da morte e a querer viver até ao fim", acrescenta o GTIR.

O grupo de trabalho, que integra diversas confissões religiosas -- questiona "onde está a urgência de aprovação da lei da eutanásia e do suicídio assistido", tendo em conta que "a pandemia privou milhares de doentes graves de consultas, exames e tratamentos vendo agravada a sua situação clínica, os tempos de espera para consulta, cirurgia, exames e tratamento dão conta que o SNS não está a responder às necessidades da população, sendo particularmente prejudicados os mais frágeis, pobres, idosos e doentes graves, não existe uma rede de cuidados paliativos capaz de dar resposta às necessidades dos doentes em tempo útil de vida".

"Será que veremos na Assembleia da República a mesma obsessão até que haja uma rede efetiva de cuidados paliativos?", pergunta também.

O GTIR é integrado pela Aliança Evangélica Portuguesa, Comunidade Hindu Portuguesa, Comunidade Islâmica de Lisboa, Comunidade Israelita de Lisboa, Igreja Católica, Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons), Igreja Ortodoxa da Sérvia, União Budista Portuguesa e União Portuguesa dos Adventistas do Sétimo Dia.

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