25 jun, 2022 - 19:21 • Lusa
O líder do PCP, Jerónimo de Sousa, voltou a não usar a palavra "invasão" para descrever a ação da Rússia na Ucrânia, mas disse numa manifestação pela paz, esta tarde, na Avenida da Liberdade em Lisboa, defender a paz e estar contra a ilegalização recente de organizações comunistas por parte da justiça de Kiev.
Em declarações aos jornalistas, Jerónimo de Sousa voltou a defender a necessidade de se encontrar um "caminho pacífico" para a resolução do conflito entre a Rússia e a Ucrânia e de "todos os conflitos existentes no mundo".
"Num mundo perigoso em que há tanto conflito, desde a Palestina, a Síria, à Líbia, ao Iémen, à Ucrânia, nós consideramos que este não é o caminho. A guerra, a confrontação e as sanções não são o caminho. Nós somos a favor da paz. Queremos que a paz no mundo prevaleça em relação à guerra e aos conflitos", afirmou.
Apesar de condenar a "intervenção" russa na Ucrânia, Jerónimo de Sousa disse não toma "partido de nenhum dos lados do conflito" e insistiu no caminho do "diálogo e da diplomacia".
"Não apoiamos este e aquele. Se me perguntam qual é a parte que eu apoio eu digo que nenhuma. Faremos tudo para seja encontrada uma via pacífica", sublinhou.
Este sábado, um milhar de pessoas desceu a Avenida da Liberdade, em Lisboa, para condenar a guerra e apelar à paz no mundo, nomeadamente na Ucrânia.
"Paz, sim! Guerra, não" foi o mote que guiou as cerca de mil pessoas que desfilaram desde o Marquês de Pombal até à Praça dos Restauradores, juntando perto de 80 organizações com a participação de elementos do Partido Comunista Português (PCP) e da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP-IN).
Além da guerra na Ucrânia, os participantes fizeram referência a outros conflitos bélicos, nomeadamente na Palestina, Síria, Líbia e Iémen, criticando o aumento das despesas com armamento.
Ao mesmo tempo que decorria esta manifestação na Avenida da Liberdade desenrolou-se outra, protagonizada por cidadãos ucranianos, que, munidos de bandeiras e cartazes contra o presidente russo, Vladimir Putin, desceram também até aos Restauradores na via paralela.Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal, Pavlo Sadokha, que se juntou a esta ação, explicou que veio também para apelar à paz, mas defendeu a necessidade de se continuar a fornecer armas à Ucrânia.
"Viemos cá para nos juntarmos ao apelo pela paz, mas quando chegámos vimos que a mensagem que passam os organizadores não apoia a Ucrânia. Vimos que alguns organizadores comunistas estão a tentar impedir o fornecimento de armas à Ucrânia que está a defender a sua soberania. Quem quer a paz na Ucrânia tem de nos ajudar a lutar pela nossa independência e pela nossa vida", argumentou.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de quatro mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A guerra também causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas das suas casas, oito milhões das quais abandonaram o país, ainda segundo a ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.