01 jul, 2022 - 13:36 • Ricardo Vieira
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O líder do Chega anunciou esta sexta-feira que avança com uma moção de censura ao Governo liderado por António Costa. André Ventura compreende que o Presidente da República não use a chamada "bomba atómica", mas defende que cabe à oposição fiscalizar o executivo.
André Ventura só admite recuar na moção de censura se o primeiro-ministro, António Costa, demitir os ministros Pedro Nuno Santos e Marta Temido.
"Esta manhã, informei o senhor Presidente da República e o senhor presidente da Assembleia da República da intenção de avançarmos hoje com uma moção de censura ao Governo", afirmou André Ventura, em declarações aos jornalistas no Parlamento.
O líder do Chega considera que a gota de água foi a polémica com o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, sobre a nova solução aeroportuária para a região de Lisboa.
Novo aeroporto de Lisboa
O Presidente da República pediu uma solução para o(...)
"O Chega não alinha em nenhuma irresponsabilidade neste tempo político. Aos factos que já vínhamos conhecendo nos últimos dias: o caos absoluto na Saúde, ao momento em que estamos o gasóleo atinge o preço mais alto de sempre, os portugueses sentem na carteira a desorganização do Governo que insiste noutras medidas que não baixar o IVA", declarou André Ventura.
"A tudo isto, que já era grave por si só, somou-se ontem aquilo que é, na minha perspetiva o facto politicamente mais grave: um ministro, em total desorientação ou desalinho com o primeiro-ministro, decide avançar com uma proposta de aeroporto em duas fases, em dois modelos e gradual. O país fica a comentar essa hipótese, uma hipótese que não existe no dia a seguir pelas mãos do primeiro-ministro. À tarde, esse ministro diz que vai ficar, pede desculpa e humilha-se de uma forma que a República nunca viu. Depois, o primeiro-ministro diz que não vai demitir o ministro e que a vida continua", sublinha o deputado.
André Ventura prosseguiu recordando a declaração do Presidente da República, em que Marcelo Rebelo de Sousa responsabilizou António Costa pelas boas e más escolhas do Governo.
"Interpretámos as palavras do Presidente da República como uma severa censura ao Governo, interpretámos também o cuidado do Presidente de não avançar com mecanismos mais graves no tempo político em que vivemos para não perturbar as relações institucionais entre o Governo e a Presidência da República, mas achamos que cabe à oposição esse papel de fiscalização e, neste momento, de passar um cartão de censura ao Governo", argumenta o líder do Chega.
Questionado pelos jornalistas, André Ventura espera que o novo líder do PSD, Luís Montenegro, seja favorável a esta moção de censura ao Governo.