11 jul, 2022 - 17:34 • Tomás Anjinho Chagas
“Temos de fazer justiça”, atira o presidente do Chega na abertura das primeiras jornadas parlamentares do partido, na Figueira da Foz.
André Ventura considera que o partido é o “único que não se verga” perante o PS, e numa altura em que o país atravessa um Estado de Contingência por causa das condições especialmente favoráveis à ocorrência de grandes incêndios, o Chega vira-se para os incendiários.
“Entregaremos um projeto na Assembleia da República para que incendiários sejam considerados terroristas, e para que passem atrás das grades o maior tempo possível das suas vidas”, promete André Ventura para depois do verão.
“Isto não é barbárie, é justiça”, considera o presidente do Chega, num discurso assistido por três dezenas de pessoas, acrescentando que quer “perpétua” para os incendiários e, se isso não for possível, “que sejam 60 ou 50 anos”, diz Ventura.
Para sustentar a sua tese, o Chega afirma que no caso dos crimes de fogo posto “20% são reincidentes”. André Ventura acredita que “quem incendeia e destroi deve ser considerado um terrorista, não um criminoso normal”. E por isso, diz que na maioria dos casos “deve passar o resto da sua vida atrás das grades”.
Presidente da Assembleia da República considera qu(...)
A prisão perpétua não é permitida em Portugal, mas isso não é uma barreira para o Chega, já que o partido quer propôr uma revisão constitucional para também no fim das férias de verão no Parlamento.
Para setembro, o partido promete um “grande projeto de revisão constitucional”, que permita a prisão perpétua, que reduza o número de deputados e detentores de cargos públicos e criar “incompatibilidades vitalícias”, que barrem ministros de trabalhar em organismos que já tenham tutelado.
“Uma constituição que não seja a dos comunistas ou dos socialistas em 1974, 1975 e 1976”, é o que promete André Ventura, que para isso, pede o apoio de todos os partidos que sejam “não socialistas”.
André Ventura terminou dizendo: “Macacos me mordam se um dia não haverá prisão perpétua em Portugal, porque vai haver".
O líder do Chega não escondeu a vontade de liderar a oposição e aproveitou o tempo de antena para encostar Montenegro a Rui Rio, depois de o PSD se abster na votação da moção de censura apresentada pelo Chega.
André Ventura acredita que os deputados do Chega foram eleitos para “sermos duros com o Governo”. O líder do partido fala numa “dureza que Rui Rio não conseguiu ter, que Montenegro parece não conseguir ter”.
Na sequência da recusa do Presidente da Assembleia da República à iniciativa legislativa do Chega sobre a prisão perpétua, por considerar que é inconstitucional, André Ventura criticou diretamente Augusto Santos Silva.
“Augusto Santos Silva julga que pode bloquear todas as nossas propostas”, atira o líder do Chega. André Ventura acredita que o PAR pode “vetar uma, duas ou três vezes em 30 dias, como já o fez”, mas considera que “não pode vetar para sempre”.