12 jul, 2022 - 15:34 • Tomás Anjinho Chagas
A poucas horas de ser recebido por Pedro Santana Lopes na Câmara Municipal da Figueira da Foz, André Ventura não responde sobre se vai convidar o antigo líder do PSD para o Chega, mas também não rejeita esse cenário.
A Renascença confirmou que será o próprio Santana Lopes, antigo primeiro-ministro e nome histórico do PSD, a receber o presidente do Chega.
Em entrevista à Renascença, André Ventura admite “possíveis pontes” e nega que este encontro seja “uma afronta ao PSD”.
O que é que quer dizer a Pedro Santana Lopes?
Quero agradecer-lhe. Ele teve desde o início uma atitude extraordinária desde que escolhemos a Figueira da Foz.
Ele teve um gesto não só de agradecimento, mas também de disponibilização de tudo o que precisássemos. Desde a restauração à hotelaria, as forças de segurança e de organização. A receção na Câmara Municipal será o culminar das nossas jornadas parlamentares.
Ao mesmo tempo, o reconhecimento. Apesar de Santana Lopes ter sido eleito como independente e um crítico do PSD nos últimos anos, nós reconhecemos o trabalho autárquico que ele tem feito. E se calhar, num tempo não muito distante há a possibilidade de algumas pontes. Vamos ver se é possível ou não.
Santana Lopes está mais próximo do PSD ou do Chega neste momento?
Há dias que o oiço e parece que está mais próximo do PSD, há dias em que parece que está mais próximo do Chega. Se eu o conheço bem, ele agora dirá que agora, com a idade que tem, não tem de se justificar nem dizer que está mais próximo de A ou de B.
Mas a atitude dele tem sido crítica. É um homem, que temos reconhecer o enorme trabalho público que fez, goste-se ou não.
Se está mais próximo do Chega ou não? Não sei, vou perguntar-lhe à tarde até que ponto se sente próximo do Chega. E quem sabe algumas pontes podem ser feitas.
Pedro Santana Lopes encontrou-se com Montenegro. Este encontro é uma afronta ao PSD por parte do Chega? Ou uma coisa não tem nada a ver com a outra?
Não está mesmo ligada à outra. Quando tivemos a moção de censura, o PSD achava que era por causa do Congresso deles. Depois entenderam que estas jornadas parlamentares era porque eles tinham a eleição do líder parlamentar hoje.
Se acharem que agora vou à Câmara Municipal porque o Montenegro esteve lá, é um PSD com o síndrome de perseguição.
Só estamos a fazer o nosso trabalho. Se estamos na Figueira, reunimos com o presidente da Figueira. Se estivéssemos no Porto, reuniríamos com o presidente da Câmara do Porto. Olhe, se tivesse numa câmara comunista, reuniria com o presidente comunista.
Isto faz parte da arte de bem receber, o Chega é a terceira força nacional e acho que é normal que seja recebido pelo presidente da Câmara.
Não é nenhuma afronta ao PSD, vamos porque entendemos que devemos estar próximos do poder local. Aliás, esse é um dos temas que vamos discutir hoje nas jornadas parlamentares.
Há pouco falou em “pontes” com Pedro Santana Lopes. É capaz de convidá-lo para o Chega, como fez o PSD?
O Chega tem uma distrital em Coimbra, está a fazer o seu trabalho. Temos o Paulo Seco aqui no distrito, tivemos um resultado muito positivo, apesar de não ter dado para a eleição (legislativas).
Isso passa mais pelo lado autárquico, Pedro Santana Lopes agora é um autarca e isso depende da distrital de Coimbra.
Em relação ao nível nacional. Acho que Santana Lopes já deu provas que se quer manter como independente e equidistante em relação aos outros partidos.
Que hoje há muitas pontes entre o pensamento de Santana Lopes e do Chega, isso acho que há. Se essas pontes se tornarão uma aproximação política ou institucional, vamos ver.
É como diz o Santana Lopes: "O futuro a Deus pertence". Ele já teve muitas vidas, vamos ver se a próxima é no Chega.
Santana Lopes tem esse percurso político inevitável. Se ele se candidatasse à Presidência da República, o Chega era capaz de o apoiar?
É muito extemporâneo. Depende dos candidatos na altura e da correlação de forças. Primeiro, não me parece que Santana Lopes esteja interessado na candidatura. Segundo, teria de ser visto nesse momento quem é que seria a alternativa para evitar que um candidato socialista vença.
É isso que a direita tem de começar a pensar. Ser capaz de usar a estratégia para impedir que o PS triunfe.
Não lhe posso dar respostas definitivas sobre isso. É sabido que eu o apoiei na corrida interna ao PSD, é sabido que ele me apoiou na candidatura a Loures. Mas isso é uma questão pessoal.
A questão política é mais abrangente e depende do contexto político nessa altura. É difícil dar uma resposta nesta altura.
Seria mais provável ser André Ventura ou Santana Lopes o candidato do Chega às próximas presidenciais?
(Ri-se) Vamos ver, vamos ver. Sinceramente o partido ainda não começou a pensar nas presidenciais. Saímos agora das legislativas, estamos a reorganizar o partido e o grupo parlamentar.
Temos umas eleições na Madeira muito importantes, onde queremos tirar a maioria absoluta ao PSD. Temos as europeias, extremamente relevantes.
Só a partir das europeias é que começamos a pensar no candidato às presidenciais. Pode ser André Ventura ou pode ser outro qualquer, vamos ver.