15 jul, 2022 - 18:23 • Lusa
O secretário-geral do PCP acusou hoje o Governo de ter aprendido pouco desde os incêndios de 2017, considerando que "o tempo tem as costas muito largas" e que há ainda muitos problemas estruturais para resolver.
No encerramento de uma audição parlamentar promovida pelo PCP sobre "Produção de alimentos, agricultura e soberania alimentar -- um desígnio nacional", na Assembleia da República, Jerónimo de Sousa começou por deixar uma "forte palavra de solidariedade àqueles que foram atingidos pelos dramáticos incêndios" dos últimos dias.
"A todos queremos manifestar o empenhamento do PCP em encontrar soluções para apoiar a recuperação dos seus bens perdidos e para assegurar os seus rendimentos. Foi nesse sentido que questionámos a Comissão Europeia sobre apoios que possam ser mobilizados e que hoje mesmo propusemos a aplicação de critérios de apoio às vítimas, semelhantes aos usados com as vítimas dos incêndios de 2017", afirmou.
Admitindo que este "não é o tempo nem o lugar para balanços", o líder comunista disse reconhecer as condições meteorológicas destes dias, mas salientou que "o tempo tem as costas muito largas".
"Parece que o Governo aprendeu pouco com 2017. Não quis e não quer perceber que não se defende a floresta e o mundo rural, sem defender as comunidades rurais e as suas principais atividades -- questão central e primeira para garantir um território humanizado, equilibrado e seguro", criticou.
Para o secretário-geral do PCP, cinco anos depois dos grandes incêndios de junho e de outubro de 2017, "o que falta fazer de estrutural para defender a floresta nacional é ainda muito".
"Em matéria da valorização do preço da madeira, do ordenamento da floresta, dos apoios públicos à pequena e média agricultura, do cadastro florestal, mas também do apoio aos bombeiros. O que falta fazer é mesmo demais tendo em conta o tempo que entretanto passou", acusou.
O Governo decidiu na quinta-feira prolongar até domingo a situação de contingência em Portugal Continental devido às previsões meteorológicas, com temperaturas que podem ultrapassar os 45º em algumas partes do país, e ao risco de incêndio.
A situação de contingência corresponde ao segundo nível de resposta previsto na lei da Proteção Civil e é declarada quando, face à ocorrência ou iminência de acidente grave ou catástrofe, é reconhecida a necessidade de adotar medidas preventivas e ou especiais de reação não mobilizáveis no âmbito municipal.