O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, concorda com o primeiro-ministro na hora de dizer que o país "está pior" do que há um ano.
O chefe de Estado aponta para a inflação acentuada pela guerra na Ucrânia como principal explicação.
"Eu acho que é muito difícil explicar aos portugueses que não estão piores do que estavam antes do começo da guerra, antes da inflação, da subida dos preços dos combustíveis e de vários bens básicos", disse o Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas na Gulbenkian, em Lisboa.
No dia em que assinalou o aniversário da morte de Calouste Gulbenkian, o presidente da República não tem dúvidas de que "é muito difícil de explicar aos portugueses que essa situação não seja pior do que aquela que havia no final do ano passado".
Depois de o Governo anunciar um novo pacote de medidas para mitigar os efeitos da inflação, o presidente da República volta a mostrar sintonia entre São Bento e Belém. "A haver mais guerra e mais efeitos da guerra, será preciso mais medidas ", atira.
Quanto ao timing proposto pelo Governo para setembro, Marcelo Rebelo de Sousa não destoa. "Setembro é depois de amanhã. Nós estamos à beira de agosto, digamos que a diferença entre ser agosto ou setembro é de três ou quatro semanas".
Apesar de considerar "evidente" que a inflação não desaparece até que desapareça, o presidente da República recusa para já falar em "inflação estrutural".
Montenegro no Parlamento para assistir ao debate
"Não sabia que ele tinha estado lá", admite aos jornalistas quando questionado sobre a presença de Luís Montenegro na Assembleia da República para assistir ao debate sobre o Estado da Nação
No entanto, Marcelo Rebelo de Sousa lembra que quando ele próprio era líder do PSD "não tinha assento parlamentar", mas quando havia "debates desta natureza, estava lá", sentencia.
Avaliação menos boa? Marcelo agradece generosidade aos portugueses
O presidente da República foi ainda questionado sobre a sondagem da RTP, que aponta para uma queda na popularidade (de 95% de satisfeitos em maio de 2021, para 83% agora).
"Vejo como muito generosa uma avaliação de 83%. Eu esperaria muito menos com a pandemia e a guerra", comenta Marcelo Rebelo de Sousa.
Descentralização. "Haver acordo é muito bom"
"Haver um acordo é muito bom", diz Marcelo referindo-se ao consenso sobre a descentralização entre a AMNP e o Governo, entretanto aprovada em conselho de ministros. O Chefe de Estado acrescenta que se trata de "um passo importante para a democracia".
"É um esforço de dois partidos e de autarcas independentes", atira o presidente da República. E sobre o seu papel diz que "valeu a pena" fazer os avisos que tem feito "há meses e meses e meses".