07 set, 2022 - 18:30 • Susana Madureira Martins (Renascença) e Sofia Rodrigues (Público)
Luís Montenegro afirma que António Costa está consciente do alcance da medida que o Governo tomou em relação ao chamado “bónus” das pensões.
Em entrevista ao programa Hora da Verdade da Renascença e do jornal Público, o líder do PSD acusa o primeiro-ministro de ter feito "isto de forma intencional" e diz não querer "acreditar que não sabia o que estava a fazer e de forma intencional enganou os pensionistas e os reformados portugueses”.
Nesta entrevista - que será divulgada na íntegra esta quinta-feira - Luís Montenegro diz ainda que o "PS e este Governo optaram por fazer um corte de pensões de mil milhões de euros no sistema de pensões em Portugal”, considerando que “esses mil milhões de euros que o executivo se propõe pagar agora [em Outubro], vão deixar de estar no sistema de pensões a partir de 2023 com consequências para todos os anos subsequentes.”
Reiterando a ideia de que a medida de antecipar meia pensão em outubro é “um logro”, o líder social-democrata revela que a bancada parlamentar pediu a apreciação parlamentar do decreto que contém algumas das medidas anti-inflação anunciadas pelo Governo, visando em particular a solução das pensões, e já promulgado pelo Presidente da República.
A intenção do líder do PSD é que a apreciação parlamentar do decreto de lei seja discutida no debate potestativo que a bancada social-democrata marcou para 15 de setembro, precisamente sobre o programa de emergência social do partido.
Assim, conclui Montenegro, a "situação fica clarificada, até porque é importante para os pensionistas saberem exatamente o que lhes vai acontecer".
O chefe de Estado português indica que é preciso s(...)
Montenegro acusa o Governo de "dar em 2022 aquilo que está a tirar em 2023", insistindo que o executivo liderado por Costa "não faz isto de forma inocente, isto tem consequências".
Para o PSD, isto significa que o primeiro-ministro "está a fugir à responsabilidade" de "ajudar os pensionistas com um adicional de rendimento face àquilo que teriam em situação normal".
Ou seja, a "situação normal" seria "receberem a sua pensão até ao final do ano e em janeiro terem a sua pensão actualizada em função da lei". Assim sendo, despacha Luís Montenegro, o Governo "está a dar rigorosamente zero de adicional aos pensionistas".
O diploma (decreto-lei 57C/2022) que vai ser chamado ao Parlamento contém outras medidas como a atribuição directa de 125 euros a cada trabalhador com rendimento bruto anual de 37.800 euros, acrescida de 50 euros por cada filho a cargo, mas não inclui a descida da taxa de IVA, já que esta proposta que tem obrigatoriamente de ser votada em plenário por ser uma competência da Assembleia da República.
Face às críticas da oposição, o primeiro-ministro já veio recusar esta quarta-feira a ideia de um corte nas pensões e garantiu que o aumento de 2024 só será definido daqui a um ano, acrescentando que o pagamento deste suplemento "não retira um cêntimo" aos pensionistas e que em 2024 ninguém vai receber menos de pensão do que em 2023.
“Aquilo que quero reafirmar, primeiro, é que ninguém perderá um cêntimo relativamente àquilo que receberia até ao final de 2023, e mais, que em 2024 não vai receber menos do que recebeu em 2023”, garantiu aos jornalistas o primeiro-ministro.
À margem da cerimónia de atribuição ao aeroporto de Faro da denominação agora oficial Aeroporto Gago Coutinho, Costa adiantou ainda que "o que nós estamos a fazer é [pagar] um suplemento extraordinário já em outubro, para responder àquilo que são as necessidades que as pessoas têm de imediatamente aumentar o seu rendimento. E daqui a um ano fixaremos o aumento para 2024".