27 set, 2022 - 12:19 • Filipa Ribeiro e Lusa
O primeiro-ministro considerou esta terça-feira que o PSD demonstra vontade efetiva de chegar a um acordo sobre o novo aeroporto de Lisboa, mas avisou que usará a maioria PS se no final do processo estabelecido se verificarem divergências.
António Costa assumiu esta posição na sessão de abertura da VI Cimeira do Turismo Português, na Fundação Champalimaud, em Lisboa, num discurso que dedicou cerca de 30 minutos à questão do novo aeroporto.
“Perguntam-me se tenho a certeza que vai haver acordo sobre a solução. Eu não posso responder pelo líder da oposição [Luís Montenegro]. Mas há uma coisa que tenho a certeza: É que o facto de ter sido possível um entendimento [com o PSD] sobre a metodologia é um primeiro passo decisivo para podermos ter um acordo sobre a solução final”, começou por defender o líder do executivo.
António Costa disse que pode “testemunhar algo mais” sobre a atuação do PSD de Luís Montenegro ao longo dos últimos meses de negociações.
“Verifiquei sempre da parte do líder do maior partido da oposição a vontade efetiva de procurar um acordo. Se vamos conseguir o acordo, não sei, mas sei que ambos desejamos chegar a acordo. É como na concertação social”, disse, tendo à sua frente na plateia presidentes de confederações patronais.
Da parte do líder do maior partido da oposição, António Costa disse estar convicto que sente “a mesma vontade de chegar a acordo”.
“Dir-me-ão, vamos esperar mais um ano, mas a lei impõe a avaliação ambiental estratégica (AAE) e teríamos sempre de a fazer. E fazê-la sem um acordo sobre a metodologia era começar a envenenar logo no princípio aquilo que pode ser uma solução de acordo. Se no final não houver acordo, é da vida, quem tem maioria tem de usar a maioria”, advertiu.
Para justificar os atrasos no avanço do novo aeroporto de Lisboa, o primeiro-ministro recuou 15 anos, para contar de forma cronológica todas as discussões que aconteceram ao longo das últimas décadas sobre o projeto. Um regresso na história que serviu para responder a Carlos Moedas, após o autarca ter ressaltado a urgência da obra.
A discussão sobre a construção do novo aeroporto foi levantada na VI Cimeira do Turismo Português, pelo presidente da Confederação Turismo Portugal, Francisco Calheiros, que deixou vários recados ao primeiro-ministro:
“Se tem esta maioria absoluta, use-a”, afirmou. Aproveitando ainda a oportunidade para alertar António Costa sobre os atrasos na implementação de medidas destinadas ao turismo e a falta de apoios, uma situação que o primeiro-ministro justificou com o facto de, neste momento, existirem setores numa situação mais urgente devido ao impacto da inflação e da crise provocada pela guerra na Ucrânia.