27 set, 2022 - 15:33 • Tomás Anjinho Chagas
“O presidente tem de ter uma posição” sobre a localização do novo aeroporto, desafiam os deputados municipais do Partido Socialista em Lisboa. Manuel Malheiro acredita que a autarquia deve ter uma solução fechada para ganhar força, do ponto de vista político. E que deve ser a primeira entidade a fazê-lo.
Numa conversa esta terça-feira com jornalistas, os deputados municipais socialistas defenderam que Carlos Moedas merece ser ouvido sobre esta matéria. Nos últimos dias esse tem sido um tema muito debatido depois do encontro para discutir este dossier. Por esta altura, Montijo, Alcochete, Santarém e Beja são opções a ser estudadas, mas ninguém ainda revelou o que defende.
O Governo diz querer esperar pelo PSD. O PSD afirma que não fala antes do Governo. Marcelo Rebelo de Sousa saúda o entendimento entre Costa e Montenegro, mas a solução final deve demorar algum tempo até ser tomada. Na reunião de sexta-feira só ficaram definidos os moldes em que vai ser escolhida a empresa para fazer o Plano Ambiental Estratégico.
Quem se sentou à mesa para escolher a localização do novo aeroporto? Até ao momento há quatro cadeiras: numa está António Costa, noutra está Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas. Do outro lado da mesa está Luís Montenegro, líder do PSD, e Miguel Pinto Luz, vice-presidente do PSD e vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais.
Carlos Moedas tem exigido ter também uma voz e esta terça-feira revelou que o primeiro-ministro garantiu que isso virá a acontecer. “Sei que vou ter um lugar à mesa”, disparou Carlos Moedas.
Já o PS na Câmara de Lisboa ironiza: “Luís Montenegro leva o vice-presidente da Câmara de Cascais para discutir este tema?” Apesar de Miguel Pinto Luz ser autarca, é também vice-presidente do PSD. No entanto, este deputado municipal sublinha que além de presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas é também cabeça de lista ao Conselho Nacional dos social-democratas.
Nesta reunião, convocada para fazer um balanço do primeiro ano de governação da coligação “Novos Tempos”, os deputados socialistas consideram que Carlos Moedas deve sentar-se à mesa. Questionado pelos jornalistas sobre se esse deve ser um papel formal, Manuel Malheiro é direto: “O importante é estar. E ele não tem estado”.
Com o alfinete deixado a Luís Montenegro, o deputado municipal lisboeta deixa também um a Carlos Moedas, ao questionar se o autarca pode ter sido deixado de fora por ter “um problema de pontes”. Ou seja, Manuel Malheiro sugere que o presidente da CML pode estar a ser vítima da sua atuação em Lisboa, onde segundo ele, escasseia o diálogo com a Assembleia Municipal, por exemplo.
E o Grupo Municipal do PS tem uma posição definida sobre a localização do novo aeroporto? Manuel Malheiro garante que “vai tomar” essa posição, mas só depois de Moedas.
Questionado pela Renascença sobre este desafio lançado pelos deputados do PS em Lisboa, o gabinete do presidente da Câmara Municipal remete para as declarações feitas esta terça-feira.
Uma decisão rápida e um aeroporto “em proximidade” com a cidade de Lisboa. Foram estas as duas mensagens que Carlos Moedas quis passar esta manhã ao discursar na Cimeira do Turismo português, na mesma altura em que o Grupo Municipal do PS estava reunido com os jornalistas na Assembleia Municipal.
“O aeroporto de Lisboa é aeroporto internacional de Lisboa e, portanto, o aeroporto tem de estar em proximidade de Lisboa. Não estou a medir quilómetros, estou a medir proximidade e essa proximidade é extremamente importante para o turismo em Lisboa”, pediu Moedas no auditório da Fundação Champalimaud.