14 out, 2022 - 19:09 • Tomás Anjinho Chagas
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirma que vai “continuar na mesma linha”, apesar da polémica em que esteve envolvido com as declarações sobre os abusos sexuais de menores na Igreja, e que o obrigaram a fazer um pedido público de desculpas.
Sobre esse tema, avisou imediatamente que estava encerrado: "O que tinha a dizer disse ontem. Está dito", sentenciou.
O Chefe de Estado garante que não vai mudar a sua forma interventiva de estar em Belém, e recorda o pedido que fez esta semana à Assembleia da República, sobre a Lei das Incompatibilidades: “Enviei mensagem sobre a questão da transparência e das incompatibilidades”, lembra, e acrescenta que vai “continuar esse caminho. É meu estilo, a minha maneira de ser, o estilo da minha presidência”, atira Marcelo.
As declarações foram feitas esta sexta-feira à tarde em Belém, onde inaugurou uma exposição "O amigo oceanógrafo Alberto I do Mónaco e Portugal 1873-1920", e onde o Príncipe Alberto II do Mónaco esteve também presente.
As palavras do Presidente da República estão em linha com as que disse ao Expresso, onde afirmou “não pensem que me vou fechar no Palácio” e garantiu que esta polémica em órbita das declarações da passada terça-feira não o iriam “condicionar”.
De viva voz, o Chefe de Estado confirma isso mesmo: “Nunca me fecho no Palácio, eu acho que a função do Presidente da República é a de estar junto dos portugueses”, respondeu aos jornalistas. Para sustentar, revela que vai voltar a dar aulas no Ensino Secundário nas “próximas semanas” e que não pretende mudar a presidência interventiva: “Vou acompanhando com toda a atenção a legislação que vai saindo do Governo e da Assembleia da República”, sublinha.
A chamada de atenção, feita esta quarta-feira ao Parlamento, onde pediu que se revisse o “emaranhado legislativo” que pauta a lei das incompatibilidades, é um dos argumentos que usa para garantir que não vai mudar o “estilo”.
Numa altura em que se sucedem os casos de possíveis incompatibilidades de ministros do atual Governo, a saber: Manuel Pizarro, Ana Abrunhosa, Pedro Nuno Santos e, mais recentemente, Elvira Fortunato; Marcelo promete que está “atento” e pede celeridade nessa clarificação da lei.
“É preciso que seja ponderado porque corresponde a uma preocupação de Direito (...) e, por outro lado, uma preocupação política”, avisa o Presidente da República sobre a necessidade de acelerar o processo em nome da confiança na democracia.