19 out, 2022 - 10:56 • Susana Madureira Martins com Lusa
O Governo de António Costa enviou para o Ministério Público (MP) a auditoria encomendada pela TAP à compra de aviões.
O anúncio foi feito esta quarta-feira pelo ministro das Infraestruturas, que está a ser ouvido no Parlamento a pedido do Chega e do PCP.
"Estamos a aplicar um plano de restruturação que queremos que seja cumprido, é muito desafiante, muito difícil de cumprir este plano e atingir as suas metas", começou por explicar Pedro Nuno Santos.
"A administração da empresa a determinada altura suspeitou que nós estaríamos a pagar pelos aviões que foram encomendados pelo anterior acionista mais do que os nossos concorrentes pagavam. E no seguimento dessa suspeita, a administração da TAP pediu uma auditoria."
Perante o que o ministro refere como "dúvidas" quanto a essa auditoria, entretanto concluída, o Governo decidiu enviá-la para o Ministério Público.
Pedro Nuno Santos insistiu ainda, como já tinha feito no debate no plenário na semana passada, que sempre foi objetivo do Governo a reprivatização da TAP.
"Só poderiam dizer, nomeadamente o PSD, que há uma 'cambalhota' e um 'desnorte' se o Governo tivesse dito que o objetivo era que a empresa ficasse 100% pública. Nunca foi esse o objetivo e tentei, aliás, fazer citações de 2020, quando apresentámos o plano de reestruturação a Bruxelas, e de 2021, quando apresentámos o plano de reestruturação aprovado pela Comissão Europeia, onde nós já dizíamos que o objetivo do Governo é vir a integrar a TAP num grande grupo de aviação."
O ministro lembrou a privatização levada a cabo pelo Governo do PSD/CDS-PP, parcialmente revertida em 2015, num negócio em que a TAP foi vendida por 10 milhões de euros a "um acionista que endividou ainda mais a empresa".
Foi, de resto, aquela administração privada de David Neeleman que levou a cabo a renovação da frota de aviões da companhia aérea.
O ministro reiterou que "não há nenhuma cambalhota" na posição do Governo sobre a privatização da TAP, tal como defendeu no debate requerido pelo PSD, que teve lugar na semana passada.
"A única coisa que foi sempre assumida foi a de que nós entendíamos que a TAP é uma companhia aérea num setor altamente consolidado, não deve ficar sozinha, a melhor forma de garantir viabilidade a médio e longo prazo é estar integrada num grande grupo de aviação", vincou o governante.
[atualizado às 11h05]