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​Santos Silva enaltece "casamento entre Adriano Moreira e a democracia portuguesa"

23 out, 2022 - 14:09 • Susana Madureira Martins

Presidente da Assembleia da República salienta que não "perfilha nem as ideias políticas do professor Adriano Moreira nem da sua visão", mas destaca o seu mandato como líder do CDS e, mais recentemente, "a sua atividade como conselheiro de Estado" e a forma como ao longo do tempo ajudou a "contribuir para a reflexão que o país foi fazendo sobre a sua história e sobre a sua contemporaneidade".

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"Devemos agradecer-lhe o contributo para o Portugal do século XX e XXI". Numa primeira reação à morte de Adriano Moreira neste domingo, Augusto Santos Silva elogia o papel do professor e político em várias dimensões, desde logo na liderança do CDS e depois "a forma como exprimiu a distância a partir da doutrina social da Igreja em relação a vários aspetos do programa de ajustamento", após o resgate financeiro de 2011.

O presidente da Assembleia da República, em declarações à Renascença, recorda momentos pessoais com o antigo professor e confessa que nunca esquecerá o encontro que teve com ele quando era ministro da Educação "com as responsabilidades do Ensino Superior e ele já nos seus 70 e muitos anos me explicava o que eu devia fazer para trazer mais novidade, mais inovação, mais juventude ao Ensino Universitário em Portugal". Estávamos no início dos anos 2000, lembra Santos Silva.

Assinalando o facto de Adriano Moreira ter sido um político com papel ativo quer no Estado Novo, quer em democracia, após o 25 de abril, o presidente do Parlamento diz valorizar, sobretudo, "o casamento" entre o antigo ministro das Colónias de Salazar e a democracia portuguesa.

"Foi com a democracia que Adriano Moreira pôde finalmente ser eleito deputado em eleições livres, sendo vice-presidente da Assembleia da República, pôde ser líder partidário, pôde ser integrado plenamente na universidade, quer no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, quer nos Institutos Superiores das Forças Armadas", conclui Santos Silva.

A isso se acrescenta, diz o presidente do Parlamento, que nos anos mais recentes Adriano Moreira "pôde, através da sua colaboração na imprensa, da sua atividade como conselheiro de Estado e noutros momentos contribuir para a reflexão que o país foi fazendo sobre a sua História e sobre a sua contemporaneidade".

Dito isto, Santos Silva salienta a diferença de visão política e ideológica que o separa do antigo ministro de Salazar. Ao elogio segue-se "o à vontade de quem não perfilha nem as ideias políticas do professor Adriano Moreira nem da sua visão que olhava para a História multissecular e entendia que a sucessão de regimes políticos era um aspeto circunstancial dessa grande História".

Santos Silva argumenta que a sua própria visão "valoriza mais a diversidade e a sucessão dos vários regimes políticos". Apesar disto, Santos Silva diz não ter dúvidas que o país fica a "dever a Adriano Moreira uma melhor compreensão da nossa parte de democratas da forma como o nosso Estado democrático, do nosso regime democrático se situa na grande continuidade da nossa História multissecular".

Questionado sobre a participação de Adriano Moreira num Governo do Estado Novo como ministro do Ultramar, o presidente da Assembleia da República refere essa passagem como "uma experiência muito curta", apesar de ter chegado "a ser um dos delfins de Salazar, chegou muito novo a ministro das Colónias", lembrando que o então jovem governante "terminou em rutura com Salazar e depois acabou por ser vítima de algum ostracismo e silenciamento do regime".

Em resumo, diz Santos Silva, só verdadeiramente com a democracia o valor de Adriano Moreira foi plenamente reconhecido e o Estado pôde beneficiar da plenitude dos seus recursos intelectuais".

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