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Um “grand seigneur” da academia e da política. As reações à morte de Adriano Moreira

23 out, 2022 - 12:30 • Ricardo Vieira, Inês Braga Sampaio, Carlos Calaveiras e Marta Mixão

Antigo presidente do CDS e ministro do Interior do Estado Novo morreu este domingo, aos 100 anos.

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O Presidente da República recorda Adriano Moreira, que morreu este domingo aos 100 anos, como um homem que "foi tudo ou quase tudo" e um "lutador pela liberdade e pela democracia", que sempre viveu "acima da história".

"Durante 100 anos foi tudo ou quase tudo. Académico, mestre de civis e militares, lutador pela liberdade e pela democracia, depois reformador impossível em ditadura, ainda assim revogando o estatuto do indigenato, exilado, regressado, presidente de um partido político [CDS], vice-presidente da Assembleia da República, conselheiro de Estado", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, numa declaração no Palácio de Belém.

Cavaco Silva, antigo Presidente da República, recorda Adriano Moreira como "um português ilustre e um orgulhoso transmontano", e destaca a "vida de dedicação à causa pública".

Numa nota enviada à Renascença, a propósito da morte do antigo Conselheiro de Estado, pode ler-se que Cavaco Silva considera Adriano Moreira "indiscutivelmente um dos mais importantes pensadores políticos do Portugal contemporâneo".

Nuno Melo, atual presidente do CDS-PP, considera que Portugal sentirá falta do pensamento de Adriano Moreira, que considera ter sido "figura maior" da Democracia portuguesa, com legado político e académico "tremendo" e mão na história do século XX em Portugal. Ouvido pela Renascença, Nuno Melo diz que Adriano Moreira deixa um legado incalculável.

"Quem sentirá falta será, fundamentalmente, Portugal, porque, sendo o Professor Adriano Moreira uma referência fundamental do CDS, era seguramente, também, uma figura maior da Democracia portuguesa. É nisso considerado por pessoas de muitos quadrantes políticos. Obviamente que no que tem a ver com o CDS era, talvez, das pessoas que todos nós temos como referencial e cujo exemplo tentamos seguir todos os dias. Mas não esquecemos, até, como, por exemplo, quando sai da Assembleia República, é aplaudido de pé pelos deputados de todos os partidos, num reconhecimento que é realmente geral pela sua capacidade", salienta Nuno Melo.

O presidente do PSD, Luís Montenegro, foi uma das primeiras personalidades do mundo da política a reagir à morte de Adriano Moreira, antigo ministro de Salazar e líder do CDS.

“Adriano Moreira foi um “grand seigneur” da academia e da política portuguesa”, escreveu Montenegro nas redes sociais.

“Deixa-nos um legado riquíssimo de pensamento sobre valores e princípios sociais. Expresso à sua família e ao CDS o nosso profundo pesar e solidariedade”, referiu o líder do PSD.

O presidente do PS, Carlos César, classificou Adriano Moreira como "uma referência da vida política portuguesa" com o qual aprendeu sempre, mesmo quando não concordava.

"Uma referência da vida política portuguesa e um académico, um especialista em Relações Internacionais, em Segurança e Defesa Nacional que fez escola e deixou obra relevante", escreveu o presidente dos socialistas na sua conta na rede social Facebook.

Já depois da publicação do presidente do PS, Carlos César, na rede social Facebook, surge a nota de pesar oficial do partido pela morte de Adriano Moreira. Em comunicado enviado à Renascença, o Partido Socialista destaca a "dedicação ao pensamento crítico e académico e à intervenção política e cívica" do ex-líder do CDS e antigo conselheiro de Estado, indicado pelo CDS.

A Iniciativa Liberal (IL) destaca o “exemplo de serenidade na política” que foi Adriano Moreira, uma postura que manteve “quando incompreendido e quando consensual”.

“Adriano Moreira, tanto para dizer e seria sempre pouco. Um exemplo de serenidade na política, quando incompreendido e quando consensual”, enalteceu, através de uma mensagem na rede social Twitter, o líder parlamentar da IL, Rodrigo Saraiva.

O CDS-PP está luto nas suas redes sociais e publicou um fotografia de Adriano Moreira, com a palavra "Obrigado", sobre um fundo negro.

O presidente do Chega, André Ventura, anunciou que vai apresentar na Assembleia da República um voto de pesar pela morte de Adriano Moreira, que considerou ser “um verdadeiro senador” da política portuguesa e um “pensador incomparável”.

“A morte do Professor Adriano Moreira deixa-nos a todos mais pobres. Um verdadeiro senador da política portuguesa e um pensador incomparável. Esteve dos vários lados da barricada e a todos enriqueceu tanto. Vamos apresentar no Parlamento um voto de pesar”, escreveu André Ventura na sua página pessoal da rede social Twitter.

A porta-voz do PAN considerou que Adriano Moreira foi uma das "personalidades históricas da política" e era "reconhecido pelos diferentes quadrantes políticos".

"Professor universitário, advogado, governante, Conselheiro de Estado. Reconhecido pelos diferentes quadrantes políticos, Adriano Moreira tornou-se numa das personalidades históricas da política do nosso país", escreveu Inês Sousa Real na sua conta na rede social Twitter.

Antigos líderes do CDS recordam homem coerente e fiel aos seus valores

Paulo Portas foi, por duas vezes, líder do CDS-PP, mas, numa nota enviada à Renascença, faz questão de dizer que em Adriano Moreira os democratas-cristãos tiveram "o mais ilustre dos presidentes".

O antigo vice-primeiro-ministro e atual comentador televisivo refere ainda que "Portugal perdeu um sábio. Um dos nossos maiores sábios", que "o Estado português perdeu um estadista. Um dos nossos melhores" e que "muitos Portugueses perderam uma referência essencial".

Assunção Cristas recorda Adriano Moreira como um homem que se manteve sempre coerente e fiel aos seus valores, independentemente dos tempos e mesmo quando teria sido "mais fácil" abdicar deles. Em declarações à Renascença, a também antiga líder centrista revela que o que mais a inspirava em Adriano Moreira era a "enorme coerência e grande fidelidade aos valores e aos princípios em que sempre acreditou".

O antigo líder do CDS-PP Francisco Rodrigues dos Santos enalteceu o legado de Adriano Moreira, que “foi génio e luz”, “marcou a academia” e foi “um patriota com um percurso político em encontro permanente com o serviço ao país”.

O antigo líder do CDS-PP José Ribeiro e Castro recordou Adriano Moreira como um "visionário universal", "democrata cristão" e sublinhou que o seu "legado mais extraordinário" foi uma vida de 100 anos.

Ribeiro e Castro afirmou que "o legado mais extraordinário que deixa são justamente os seus 100 anos", a "sua vida, uma vida ao serviço de Portugal, dos portugueses, da universidade, do pensamento".

O ex-presidente do CDS deixou, segundo Ribeiro e Castro, "uma marca de um democrata cristão, a abolição do estatuto do indigenato", ainda durante o anterior regime, quando foi ministro do Ultramar, na década de 1960, ainda durante o Estado Novo.

"Ele, que veio a ser membro e presidente do CDS, cometeu um gesto democrata cristão, um gesto CDS, muito antes de o CDS existir", disse ainda.

Numa reação na rede social Facebook, o anterior líder do CDS-PP afirmou que “Adriano Moreira foi o patriarca generoso da democracia-cristã portuguesa e pedagogo da direita social em democracia”.

Adriano Moreira morreu este domingo de manhã, aos 100 anos, confirmou o CDS-PP, partido de que foi presidente. O antigo ministro de Salazar foi o político mais longevo da história da Democracia portuguesa.

O presidente da Assembleia da República recordou Adriano Moreira, que hoje morreu hoje com 100 anos, como "uma grande figura da democracia" e "um mestre de várias gerações".

"Devemos agradecer-lhe o contributo para o Portugal do século XX e XXI". Numa primeira reação à morte de Adriano Moreira neste domingo, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, elogia o papel do professor e político em várias dimensões, desde logo na liderança do CDS e depois "a forma como exprimiu a distância a partir da doutrina social da Igreja em relação a vários aspetos do programa de ajustamento", após o resgate financeiro de 2011.

O antigo presidente do PSD Rui Rio prestou homenagem a Adriano Moreira, elogiando a “integridade, conhecimento e valia intelectual”.

“A minha homenagem a Adriano Moreira, cuja integridade, conhecimento e valia intelectual sempre me impressionaram”, afirmou Rui Rio no Twitter.

O presidente da câmara de Lisboa considera que Adriano Moreira foi um “exemplo excecional” de quem “sempre obrigou” os outros a pensar e o eurodeputado Paulo Rangel salientou que o ex-ministro foi o “doutrinador da democracia-cristã em Portugal”.

“A minha sentida homenagem pela partida de Adriano Moreira, exemplo excecional de quem até aos 100 anos de vida nos obrigou sempre a pensar e pelo estímulo que até ao fim nos deu para nos sabermos encontrar com nação e como povo”, escreveu Carlos Moedas na sua página oficial na rede social Twitter.

Já o eurodeputado e vice-presidente social-democrata Paulo Rangel, também naquela rede social, salientou que Adriano Moreira “representa a ética da República”.

“Amou e pensou Portugal acima de tudo. Percebeu desde cedo o espírito do tempo e dos tempos. Cristão, humanista, académico, político. Foi o doutrinador da democracia-cristã em Portugal. À família e ao CDS, tributo e respeito”, lê-se.

O ministro dos Negócios Estrangeiros enviou condolências aos familiares e amigos de Adriano Moreira, destacando a reflexão permanente do ex-ministro e deputado sobre o papel de Portugal no mundo.

"As minhas condolências aos familiares e amigos de Adriano Moreira, que ao longo de muitas décadas teve sempre disponibilidade e abertura de espírito para pensar sobre o lugar de Portugal no mundo", escreveu João Gomes Cravinho na sua conta na rede social Twitter.

O presidente da Assembleia Legislativa da Madeira afirmou hoje que com a morte de Adriano Moreira o país perdeu um dos seus “brilhantes senadores”, que dedicou a vida à “missão de serviço a Portugal”.

“Portugal perde um dos seus mais brilhantes senadores e um político que sempre procurou engrandecer a nação”, refere José Manuel Rodrigues numa mensagem de pesar pela morte do antigo presidente do CDS-PP.

Braga da Cruz destaca o legado académico de Adriano Moreira

O antigo reitor da Universidade Católica recordou, Manuel Braga da Cruz, à Renascença, o papel pioneiro do antigo líder do CDS na introdução da Ciência Política em Portugal.

"Deixa um legado académico muito importante: foi um dos introdutores da ciência política em Portugal e do estudo das Relações Internacionais", afirmou o antigo reitor da Católica, destacando que "muito se lhe deve" no campo de estudos do qual o professor Adriano Moreira "foi pioneiro".

"Foi uma das mais notáveis personalidades da vida pública portuguesa no último século, não cabe dentro dos limites de um regime, de um partido ou de uma universidade. O professor Adriano Moreira transcende esses âmbitos, foi uma figura nacional, foi um patriota, um homem que amou Portugal, serviu Portugal, acima de tudo. Tinha uma preocupação que atravessou a sua vida toda, que era a defesa dos direitos, liberdades e garantias das pessoas - a dignidade da pessoa humana. Por isso, se bateu antes e depois do 25 de abril", relembrou Braga da Cruz.

Ministério da Ciência e Marinha lembram "pensador" de Portugal

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior enalteceu hoje a “longa e profícua” dedicação de Adriano Moreira à vida académica e instituições universitárias e a Marinha Portuguesa salientou o "pensador de Portugal”.

Em comunicado enviado à Lusa, o ministério com a tutela do Ensino Superior salientou que Adriano Moreira “enquanto professor catedrático dedicou grande parte da sua carreira ao estudo, ensino e investigação nas áreas da Política Internacional, do Direito, da Ciência Política e das Relações Internacionais”.

“O seu contributo foi também fundamental para diversas instituições académicas e científicas que fundou, renovou ou ajudou a desenvolver”, apontando que o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa “está intimamente ligado” a Adriano Moreira.

Entende o ministério que “a vida do Professor Adriano Moreira é indissociável da História Portuguesa do último século, representando uma perda irreparável para o país. Perdurará a memória do académico e do cidadão ímpar”.

Já a Marinha Portuguesa, numa publicação na rede social Twitter, lembrou que Adriano Moreira “durante décadas lecionou as várias gerações de militares da Marinha Portuguesa e foi sobretudo um pensador de Portugal”.

Ministério da Defesa destaca "personalidade central da academia e da vida política" no século XX

A ministra da Defesa Nacional relembrou o professor Adriano Moreira, como "personalidade central da academia e da vida política portuguesas no século XX".

Em comunicado enviado à Renascença, destacou que "para benefício de todos os portugueses" ficarão "os seus trabalhos nas áreas do Direito, das Relações Internacionais e da Ciência Política, bem como a sua ação cívica e política, o seu humanismo, o seu pensamento sobre a Língua Portuguesa e sobre o papel de Portugal no contexto Atlântico".

A ministra recordou ainda as distinções "pelos três ramos das Forças Armadas" e "as mais elevadas condecorações da República" e a sua contribuição para "aproximar o universo civil e o militar", daquele que foi "o primeiro Doutor Honoris Causa do Instituto Universitário Militar".

[Noticia atualizada às 18:33]

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