28 out, 2022 - 18:49 • Lusa
A coordenadora do BE, Catarina Martins, criticou hoje que titulares dos "vistos gold", medida que considera "um cancro da economia" nacional, recebam os 125 euros do Governo, e pessoas com "zero rendimentos" não tenham acesso ao apoio.
O que isso demonstra é que este apoio extraordinário dos 125 euros "é uma medida mal desenhada", afirmou aos jornalistas a líder do Bloco de Esquerda (BE), após uma reunião com a administração do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE).
Catarina Martins questionou como é possível que titulares de "vistos gold" estejam a receber o apoio extraordinário dos 125 euros, "quando tanta gente que não tem rendimento não recebe os 125 euros".
Em Évora, a coordenadora do BE reagia à notícia avançada hoje pelo semanário Expresso de que titulares de "vistos gold" estão a receber o apoio extraordinário de 125 euros criado pelo Governo para ajudar as famílias a fazer face aos efeitos da subida do custo de vida.
A líder "bloquista" recorreu ao exemplo de uma mãe que, em 2021, como "as escolas ainda fecharam", tenha acabado "por não ter solução para a sua família" e perdido o emprego.
"E acaba até por já nem ter acesso ao subsídio de desemprego e ficou sem nenhuma prestação social", pelo que agora "tem zero rendimentos, está em casa e não recebe os 125 euros", disse, relatando que recebe "imensas cartas de pessoas desesperadas que não têm nenhum rendimento, muitas vezes mulheres que cuidam dos filhos ou dos pais".
São estrangeiros com elevados rendimentos de capit(...)
E que "não têm nenhum rendimento e não recebem os 125 euros e há "vistos gold" a receberem os 125 euros", enfatizou.
Para Catarina Martins, os "vistos gold" são "uma política que só serve a corrupção, a lavagem de dinheiro e a especulação imobiliária".
"E acho que das coisas mais chocantes é percebermos que, provavelmente, o Governo acaba mais depressa com 125 euros para a população que precisa do que acabará com os "vistos gold", que são um cancro da nossa economia e da nossa democracia", argumentou.
De acordo com o jornal Expresso, o apoio foi atribuído pela Segurança Social a um conjunto de cidadãos estrangeiros titulares de "vistos gold" com elevados rendimentos de capital, mas cujos rendimentos de trabalhado declarado são poucos ou nenhuns.
Num esclarecimento enviado ao jornal, os ministérios das Finanças e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social indicam que a "atribuição do apoio extraordinário segue os critérios definidos nos diplomas legais", que "atendem, em termos gerais, ao nível de rendimentos dos contribuintes residentes em Portugal declarados perante a AT e o ISS [Instituto da Segurança Social], bem como à titularidade de determinadas prestações sociais (subsídio de desemprego ou rendimento social de inserção)". .
O Governo aponta também que "não constitui critério para efeitos de atribuição do apoio extraordinário, quer para reduzir, quer para alargar o universo de beneficiários, quaisquer outras circunstâncias que excedam os critérios gerais elencados, como sejam as diferentes modalidades de autorização de residência em território nacional dos cidadãos apoiados".