28 out, 2022 - 13:35 • Tomás Anjinho Chagas , Rosário Silva , com Lusa
O PSD considera que a subida da inflação é “um drama” que afeta, sobretudo, os portugueses de com baixos recursos, mas também a classe média.
O deputado social-democrata Duarte Pacheco reagia, esta sexta-feira, no Parlamento, aos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) que indicam que a taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) terá aumentado para 10,2% em outubro, face aos 9,28% de setembro, atingindo o máximo desde maio de 1992.
“É um drama que afeta os portugueses e as suas famílias, sobretudo, as pessoas de menores recursos, mas também as da classe média, porque a inflação afeta-nos a todos”, afirmou, aos jornalistas, o deputado social-democrata.
“É o valor mais alto desde 1992”, recordou, para acrescentar que “há 20 anos que não conhecíamos algo parecido”.
Duarte Pacheco acrescentou ainda que “o Governo reconheceu, o ministro das Finanças reconheceu, neste debate que o Orçamento do Estado, que não tem medidas para assegurar que as pessoas não perdem todas o poder de compra”.
O deputado do PSD considerou que quer os funcionários públicos, quer do setor privado vão perder poder de compra, e alertou que mesmo os apoios sociais não são atualizados à taxa da inflação.
Duarte Pacheco fez mesmo uma comparação entre o atual Governo PS liderado por António Costa e o de bloco central chefiado por Mário Soares, entre 1983 e 1985, salientando que teve “um grande ministro das Finanças que salvou o país da bancarrota”, referindo-se a Ernâni Lopes.
“Deu um aumento de 10% aos funcionários públicos, mas a inflação era de 29%. Na prática, as pessoas perdiam 20% do seu ordenado, é algo parecido o que estamos a viver, com uma diferença: na altura, o governo assumiu que estavam com dificuldades e tinham de tomar aquela medida, agora o Governo não tem a coragem de assumir que tem dificuldades e prefere dizer que isto até é uma coisa boa para os portugueses. É simplesmente atirar areia para os olhos das pessoas”, criticou.
Por sua vez, o Partido Socialista (PS) rejeita que o Governo esteja a ficar com os impostos das pessoas e diz mesmo que o executivo vai devolver aos portugueses a receita fiscal que tirou a mais.
“Nós estamos a ajudar as famílias com os recursos que temos, com os recursos que são gerados, com contas certas”, disse, aos jornalistas, o líder parlamentar socialista, Eurico Brilhante Dias.
O deputado, que reagia também às notícias sobre a subida da inflação, defendeu “o equilíbrio e a prudência”, como forma de gerir a difícil situação económica.
Só desta forma, acrescentou, Brilhante Dias, é possível “continuar a apoiar as famílias e as empresas em 2023”.
“O Estado não guardou para si os impostos e está a usá-los para apoiar as famílias e as empresas”, declarou o deputado que voltou a acusar o PSD de ter posições contraditórias quanto à subida das taxas de juro.
O líder parlamentar da Iniciativa Liberal (IL) desafiou esta sexta-feira o Governo "a falar verdade aos portugueses" sobre a inflação e assumir que "está a fazer austeridade" para lidar com o problema.
Rodrigo Saraiva reagia hoje, no parlamento, aos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) que indicam que a taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) terá aumentado para 10,2% em outubro, face aos 9,28% de setembro, atingindo o máximo desde maio de 1992.
"Os números do INE começam por demonstrar que o discurso das contas certas que o Governo tem tentando promover é frágil e é falacioso", criticou, considerando que, tal como aconteceu com o Orçamento para 2022, o Governo está a ser "atropelado pela realidade" durante o processo orçamental para 2023.
O líder da bancada da IL pediu ao Governo que "de uma vez por todas fale verdade aos portugueses", dizendo que não é possível continuar a dizer que não sabiam.
Já o PCP defende que o primeiro-ministro, António Costa, "tem que ser consequente" depois de ter reconhecido a existência de uma perda "brutal" de poder de compra no país, insistindo na necessidade de fixar preços de bens essenciais.
"Quando o que está a acontecer é que os trabalhadores e os reformados estão a perder poder de compra de uma forma brutal, que o próprio primeiro-ministro já reconheceu que está a acontecer, então é preciso ser consequente, é preciso responder a isso devolvendo poder de compra às pessoas", defendeu o deputado Bruno Dias.
"É preciso assegurar que neste momento os salários e pensões têm o aumento e a atualização que deve ser dada e apontar isso já no imediato e, naturalmente, para 2023", advogou.
De acordo com a estimativa rápida divulgada pelo instituto estatístico, “tendo por base a informação já apurada, a taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) terá aumentado para 10,2% em outubro, taxa superior em 0,9 pontos percentuais (p.p.) à observada no mês anterior e a mais elevada desde maio de 1992”.
Quanto ao indicador de inflação subjacente (índice total excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) terá registado uma variação de 7,1% em outubro (6,9% no mês anterior), o registo mais elevado desde janeiro de 1994.
O INE estima que a taxa de variação homóloga do índice relativo aos produtos energéticos se situe nos 27,6% em outubro (taxa superior em 5,4 pontos percentuais face ao mês precedente), enquanto o índice referente aos produtos alimentares não transformados terá apresentado uma variação de 18,9% (16,9% em agosto), a taxa mais elevada desde junho de 1990.
Em outubro face ao mês anterior, a variação do IPC terá sido de 1,3% (1,2% em setembro e 0,5% em outubro de 2021), estimando-se uma variação média nos últimos 12 meses de 6,7% (6,0% no mês anterior).
Já o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) português terá registado uma variação homóloga de 10,7% em outubro, que compara com 9,8% no mês anterior.
Os dados definitivos referentes ao IPC do mês de outubro de 2022 serão publicados pelo INE em 11 de novembro.