12 nov, 2022 - 19:27 • Lusa
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, mostra-se solidária com a manifestação pelo clima, mas considera que a demissão do ministro da Economia, pedida pelos ativistas, não resolve o problema.
Catarina Martins falava em declarações aos jornalistas, no Campo Pequeno, em Lisboa, minutos antes do início da marcha pelo clima, organizada pela coligação "Unir Contra o Fracasso Climático".
"É preciso a coragem política para fazer frente ao poderosíssimo 'lobby' dos combustíveis fosseis. Estas jovens gerações têm essa coragem e é por isso que é preciso ter toda a solidariedade e dar-lhes todo o apoio", disse.
Contudo, quando questionada sobre se o Bloco de Esquerda apoia o pedido de demissão do ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, defendido pelos ativistas, Catarina Martins afirmou ser preciso mais do que isso.
"Demitir o ministro da Economia para vir um fazer exatamente a mesma coisa talvez não resolva o problema. Precisamos mais do que isso. Precisamos de uma aposta económica diferente no nosso país", afirmou.
A coordenadora do BE justificou ser necessário que se deixe "de dizer que vão substituir um tipo de energia por outro, que tem outro nome, mas que é igualmente poluente, enquanto não se faz nada verdadeiramente para se fazer uma transição ecológica e energética".
Marcha do Clima
Polícia teve de retirar ativistas de edifício da O(...)
As declarações de Catarina Martins ocorreram antes de dezenas de manifestantes terem invadido um edifício em Lisboa, onde decorria um evento privado com o ministro da Economia, António Costa Silva, tendo sido retirados pela polícia.
A coordenadora do BE voltou ainda a criticar a Universidade de Lisboa pela intervenção policial na sexta-feira para afastar ativistas climáticos que ocupavam a Faculdade de Letras.
Para Catarina Martins, "estudantes estarem nas universidades a protestar é normal e é a democracia a funcionar".
"É por isso que temos uma tradição em Portugal de não haver intervenção policial quando estudantes estão nas universidades em protestos. É incompreensível a decisão da Universidade de Lisboa", disse.
Defendeu ainda que "quem pede ação climática é quem é sensato" e "neste momento é preciso que haja ação concreta, ouvindo estes jovens.".
"Um dos processos é que a Constituição da República Portuguesa inclua novas obrigações, novos direitos que têm a ver com o clima e o ambiente", acrescentou.