23 nov, 2022 - 12:34 • Tomás Anjinho Chagas
Mesmo sem o PSD, o Chega vai tentar instalar uma comissão parlamentar de inquérito à banca para investigar a possível “interferência” do primeiro-ministro no processo de afastamento de Isabel dos Santos, empresária e filha do ex-presidente de Angola, do banco EuroBic e do banco Banif.
O partido de André Ventura já o tinha anunciado, mas esperava que o PSD lhe desse a mão. No entanto, ontem à tarde o Observador revelou que o PSD não vai avançar com a comissão de inquérito à banca, vai antes optar por fazer questões formais a António Costa sobre as declarações feitas por Carlos Costa, antigo governador do Banco de Portugal, no livro “O Governador”, do jornalista Luís Rosa.
Hoje foi a confirmação do Chega. Numa declaração aos jornalistas, nos passos perdidos da Assembleia da República, André Ventura reafirmou que o momento de investigar “é agora” por considerar que os factos conhecidos são “suficientemente graves”, e acredita que a ideia do PSD só vai “atrasar”, “dificultar” e “complicar mais a descoberta da verdade”.
“Eu compreendo que para o PSD se possa colocar a questão incómoda do Banif”, atira Ventura numa referência à intervenção que o Governo de Passos Coelho teve na gestão política do caso. E questiona se estas questões formais que o PSD vai enviar não se tratam de uma “manobra dilatória” dos social-democratas por causa desse passado.
“Decidimos avançar com a comissão de inquérito e mantê-la para debate já depois do Orçamento do Estado”, mantém o presidente do Chega. “Estamos a falar da interferência direta do primeiro-ministro na banca”, justifica André Ventura.
O Chega quer chamar ao Parlamento o antigo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa; o atual, Mário Centeno; e os anteriores ministros das Finanças.
Mas para isso, o Chega precisa mais do que os 12 deputados que tem na Assembleia da República. Para constituir uma comissão de inquérito é necessário conseguir uma maioria em plenário; ou então conseguir 46 assinaturas (um quinto do total dos deputados).