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Casa Comum

Viagem dos políticos ao Qatar é "pequena saloiice"

23 nov, 2022 - 17:25 • Rosário Silva

No programa Casa Comum da Renascença, o social-democrata Pedro Duarte considera deslocação “desnecessária e inútil”. Já o socialista Porfírio Silva diz “compreender a necessidade de representação institucional”.

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O social-democrata Pedro Duarte critica a presença de políticos no Mundial de Futebol do Qatar, com a finalidade de apoiar a seleção nacional.

O comentador do programa “Casa Comum” da Renascença considera que não há qualquer vantagem nessa deslocação “desnecessária e inútil”, mais ainda quando se está a falar de um país que desrespeita os direitos humanos.

“Confesso que não vejo nenhuma vantagem na presença de políticos portugueses no Qatar. Parece-me perfeitamente desnecessária e inútil, e assim sendo, é contraproducente a todos os níveis”, afirma.

Pedro Duarte vai mais longe e considera tratar-se de “uma pequena saloiice”, estar, “ali, nas bancadas quando não há qualquer vantagem”.

Por outro lado, o social-democrata alude a uma presença que “pode levar à interpretação de uma normalização de um regime”, que “não pode ser normalizado por quem acredita em direitos humanos e em princípios democráticos”.

Recorde-se que o parecer sobre a deslocação do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ao Mundial do Qatar foi aprovado na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros, com os votos favoráveis do PS, PSD e PCP.

Marcelo Rebelo de Sousa vai assim marcar presença no primeiro jogo da Seleção Nacional no Campeonato do Mundo de futebol", que se realiza esta quinta-feira, frente ao Gana.

A viagem tem feito correr muita tinta nos últimos dias por causa da questão dos direitos humanos no Qatar, nomeadamente no que diz respeito aos trabalhadores que morreram na construção dos estádios e de outras infraestruturas.

Neste espaço da Renascença, dedicado à política nacional e europeia, por sua vez, o socialista Porfírio Silva afirmou compreender a necessidade de representação institucional, apesar de reconhecer que não é uma solução que iria adotar em termos pessoais.

“Pessoalmente, se estivesse numa dessas funções, não estou e nunca estarei, eu não iria, mas percebo que do ponto de vista institucional, do ponto de vista da representação do país, da forma como as pessoas ligam ao futebol, percebo que isso possa ser feito”, referiu.

Apesar de admitir que se estivesse nessas funções, “não iria”, a socialista ressalva que isso “não significa, necessariamente, que eu condene a opção política de ir acompanhar seleção num determinado sítio, desde que não deixe de ser dito aquilo que deve ser dito”.

Aliás, sublinhou Porfírio Silva, “o próprio Presidente da República já disse que vai, mas não deixará falar dos direitos humanos e isso parece-me importante”.

No final da semana passada o primeiro-ministro veio a terreiro confirmar que os responsáveis políticos portugueses estarão no Campeonato do Mundo de Futebol, no Qatar, a apoiar a seleção nacional e não a violação dos direitos humanos ou a discriminação das mulheres nesse país.

Uma posição defendida por António Costa, numa conferência de imprensa conjunta, com o Presidente eleito do Brasil, Lula da Silva, em São Bento, depois de questionado sobre a polémica de o Presidente da República, o próprio primeiro-ministro e o presidente da Assembleia da República se deslocarem ao Qatar para acompanhar a seleção portuguesa de futebol.

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