25 nov, 2022 - 14:43 • Manuela Pires , Rosário Silva
O presidente do PSD acusa o Governo PS de ter colocado Portugal numa posição de “carro vassoura” da Europa.
Em declarações aos jornalistas esta sexta-feira, na Assembleia da República, após a aprovação do Orçamento do Estado para 2023 (OE 2023), Luís Montenegro afirmou que se trata de um mau orçamento e que não se traduz no crescimento da economia, relegando o país para a cauda da Europa.
“Portugal, em vez de estar a caminho do pelotão da frente, está numa posição de carro-vassoura da “Europa. Efetivamente, somos no contexto da União Europeia, um país que está a ser ciclicamente ultrapassado por economias que eram menos dinâmicas há alguns anos, nomeadamente no Leste da Europa e, ao contrário do que diz o Governo temos uma perspetiva de grande desesperança e falta de ambição”, realçou o presidente dos sociais-democratas.
Montenegro, que assistiu ao debate no gabinete do PSD no Parlamento, classificou os debates orçamentais de “demasiado repetitivos”, o que quer dizer “que o país está sempre na mesma”, destacando que os portugueses “gostariam, de ano para ano, ver diferentes objetivos e diferentes metas, mas passado um ano estamos no mesmo ponto”.
Na resposta ao ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, que encerrou o debate pelo Governo e que acusou o PSD de um vazio de propostas alternativas, ocupando-se apenas com uma “política de casos”, Luís Montenegro recordou que todos os casos nascem no próprio Governo.
A entrada de Miranda Sarmento como líder parlament(...)
“Qual foi o caso que afetou nos últimos meses e que teve origem na oposição ou numa qualquer iniciativa da oposição? Todos os casos radicaram em intervenções absolutamente infelizes, para não dizer despropositadas de membros do Governo, ou então em circunstâncias que estiveram a ver com o exercício de funções políticas de membros do Governo, com uma agravante”, acrescentou o presidente do PSD, “sempre grande cobertura e cumplicidade do primeiro-ministro a começar no primeiro dos casos”.
Antes, o líder parlamentar do PSD já tinha acusado o Governo de estar em “roda livre” com uma sucessão de casos e o primeiro-ministro de “clara perda de autoridade”, mas avisou que a oposição “não se faz gritando, insultando, mentindo”.
Na intervenção na sessão de encerramento da votação do Orçamento do Estado para 2023, Joaquim Miranda Sarmento acusou também o PS de ser “uma maioria fechada em si própria”, que rejeitou 97% das propostas da oposição, e considerou que, apesar do Governo só ter oito meses parecem “ter passado oito anos”.
“Este é um governo sem coordenação política, paralisado por casos e escândalos. Escândalos que se sucedem a um ritmo quase semanal, e que são cada vez mais graves. Cada novo caso é pior que o anterior. E atingem a autoridade direta do primeiro-ministro”, criticou, falando em "casos sucessivos de contornos politicamente duvidosos ou, no mínimo, criticáveis".
Votação final ficou marcada por momento de tensão (...)
Para o líder da bancada do PSD, “todos juntos” os vários casos “colocam em causa a credibilidade das instituições e minam a confiança dos cidadãos”.
“E é isso, senhor primeiro-ministro, que alimenta também os populismos. Este é um Governo em roda livre, em deterioração acelerada sob o olhar impávido e a anuência de um primeiro-ministro em clara perda de autoridade”, acusou, dizendo que o executivo de António Costa “se limita a navegar à vista da costa”.
Em alternativa, defendeu, o PSD cumpriu no debate orçamental o papel que cabe ao maior partido da oposição, apresentando “soluções alternativas para o país”.
“No espaço não-socialista, de centro-direita, a oposição a este governo não se faz gritando, não se faz vilipendiando, não se faz insultando, não se faz mentindo, não se faz procurando dividir os portugueses”, defendeu, numa passagem aplaudida pela bancada e que mereceu alguns 'apartes' da bancada do Chega.
Para Miranda Sarmento, “no centro-direita, a oposição faz-se com os 77 deputados do PSD, com verdade, com serenidade, com pragmatismo”.
O deputado considerou ainda que os últimos “mais de 20 anos de estagnação económica não são uma fatalidade” e defendeu que “o país não tem de se resignar” e que o PSD está pronto para ser alternativa.
“Se o país está hoje mais na cauda da Europa e com menos perspetivas de futuro, isso deve-se sobretudo às políticas erradas do Partido Socialista. O PS só quer ser poder, mas sem ser governo, incapaz de fazer as reformas e as mudanças estruturais que o país precisa”, concluiu.