19 dez, 2022 - 13:01 • Manuela Pires
O presidente da Assembleia Legislativa dos Açores enviou uma carta a Marcelo Rebelo de Sousa onde manifesta preocupação pelo facto de o Parlamento da região autónoma não ter sido ouvido sobre a lei da eutanásia, que foi aprovada no passado dia 9 de dezembro.
Na carta a que a Renascença teve acesso, e que segue esta segunda-feira por correio para Belém, Luís Garcia pede ao Presidente que tenha isto em conta quando analisar o diploma, lembrando que o princípio de audição das regiões autónomas está consagrado na Constituição.
"O princípio da audição constitucionalmente consagrado é um dos pilares que sustentam o regime autonómico" e, por isso, os órgãos de soberania devem "auscultar os órgãos próprios das regiões autónomas", defende Luís Garcia.
No caso da lei da eutanásia, o presidente da assembleia considera que "a pronúncia das regiões autónomas era não só obrigatória como essencial", até porque é o parlamento regional que legisla sobre matérias de Saúde, "no que toca à organização e ao funcionamento do serviço regional de saúde".
Na carta de duas páginas, Luís Garcia aponta ainda a especificidade dos Açores, com nove ilhas, onde poderá ser difícil aplicar a lei.
"Caso a escolha do local para a prática da morte medicamente assistida seja numa ilha sem hospital (e temos seis nestas circunstâncias), julgo levantarem-se problemas de ordem prática que poderão inviabilizar, ou dificultar bastante, a aplicação desta lei nos Açores."
O presidente da Assembleia Legislativa dos Açores refere ainda que todas estas questões poderiam ter sido acauteladas se as regiões autónomas tivessem sido ouvidas.
A lei da eutanásia vai estar esta quarta-feira na Comissão de Direitos, Liberdades e Garantias para a redação final e deverá seguir para Belém na terça-feira seguinte, 27 de dezembro.