29 dez, 2022 - 07:26 • Olímpia Mairos , com Lusa e Redação
O líder do PSD considera que o PS traiu a confiança dos portugueses, sublinhando que um primeiro-ministro e um Governo "de truques, habilidades e trapalhadas" geram instabilidade.
Numa publicação na rede social Twitter ao início da manhã, depois da demissão, na quarta-feira à noite, do ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, Luís Montenegro diz que o PSD continuará a exigir "as explicações que faltam".
"O PSD continuará hoje a exigir as explicações que faltam e continuaremos a construir a Alternativa que dará esperança a Portugal. Nova força, novo caminho", escreve Montenegro.
Para o eurodeputado Nuno Melo, líder do CDS-PP, chegou a altura de o Presidente da República ponderar o fim de um ciclo, porque, segundo refere, um Governo - ainda para mais de maioria absoluta - que só é notícia pelos maus motivos deixa de servir o interesse geral.
“Nós percebemos hoje aquela que é a maioria absoluta, mas absolutamente instável, da história da democracia portuguesa. E isto tem que ter consequências, porque por muito menos outros governos houve que caíram em Portugal”, defende.
Para o líder do CDS-PP, “começa a ficar em causa a normalidade, a estabilidade de instituições básicas do regime”.
“E a esse propósito, devo dizer, começa talvez também a ser tempo do senhor Presidente da República ponderar o fim deste ciclo, porque um Governo que só é notícia pelos piores motivos, enquanto Portugal vai ser arrastado para o fundo, deixa de servir o interesse geral”, destaca.
Nuno Melo considera ainda que há que o universo de empresas públicas ou de capitais públicos deve ser muito mais escrutinado. Na TAP, por exemplo, não se sabe que outras indemnizações foram pagas a outros elementos da administração da empresa que saíram.
“A TAP e, eventualmente, outras empresas públicas não podem funcionar como uma espécie de oásis à margem da realidade e das dificuldades do país e da própria empresa”, defende.
Segundo Nuno Melo, “enquanto na TAP se pagam indemnizações de meio milhão, e recordo que neste momento é notícia que houve pelo menos quatro outras renúncias, e a TAP se recusa a esclarecer sobre os montantes das indemnizações, há muitos trabalhadores da empresa, a quem são pedidos enormes sacrifícios, começando por pilotos, muitos dos quais já começam a procurar outras paragens”.
“E em Portugal os contribuintes, as famílias e as empresas pagam os impostos mais altos que há memória e, portanto, tudo isto tem que ser apurado”, insiste.
Também no quadro de reações à demissão do ministro das Infraestruturas e da Habitação, o presidente do partido Chega, André Ventura, defende que o Presidente da República “tem de ponderar se está ou não em causa o normal funcionamento das instituições”.
Numa publicação partilhada no Twitter pelas 00h30, pouco depois de ter sido noticiada a demissão de Pedro Nuno Santos, André Ventura defendeu que “o Governo começa a ficar numa situação insustentável”.
Já a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, entende que “persistem dúvidas relativamente às opções políticas feitas em torno da TAP”, mesmo depois da demissão do ministro das Infraestruturas e da Habitação.
O que se passa com a TAP “infelizmente não é caso único”, escreveu no Twitter, pela 01h00 desta quinta-feira, Inês de Sousa Real.
"Banca, PPPs [Parcerias
Público-Privadas] rodoviárias, entre outros exemplos são sorvedouros de
dinheiros públicos que fazem falta ao país", acrescentou a porta-voz do
partido Pessoas-Animais-Natureza.
O Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, apresentou na quarta-feira à noite a demissão do cargo ao primeiro-ministro, António Costa, que a aceitou.
Em comunicado divulgado pelo gabinete do ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos explicou que "face à perceção pública e ao sentimento coletivo gerados em torno" do caso da TAP, decidiu "assumir a responsabilidade política e apresentar a sua demissão", já aceite pelo primeiro-ministro António Costa.
O ministro das Finanças, Fernando Medina, demitiu na terça-feira a secretária de Estado do Tesouro, menos de um mês depois de Alexandra Reis ter tomado posse e após quatro dias de polémica com a indemnização de 500 mil euros da TAP, tutelada por Pedro Nuno Santos.