05 jan, 2023 - 19:45 • Sandra Afonso
A nova Secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves, não tem condições para exercer o mandato e ao primeiro-ministro falta-lhe vontade de avaliar a idoneidade dos governantes, afirma o vice-presidente da Frente Cívica.
Em declarações à Renascença, João Paulo Batalha contesta ainda os argumentos apresentados por António Costa no parlamento para não afastar Carla Alves.
“Não é defesa nenhuma dizer que a secretária de Estado não é autora dos crimes que o marido cometeu, é apenas beneficiária e assina as contas em conjunto”, declarou dirigente da Frente Cívica.
“Eu fico perplexo em ver o primeiro-ministro dizer que uma suspeita grave de crimes cometidos pelo marido da secretária de Estado, enquanto autarca do Partido Socialista, não envolvem a secretária de Estado, porque ela é apenas co-titular das contas por onde esse dinheiro não declarado passou. O padrão ético do Governo é mesmo só este?”, questiona.
João Paulo Batalha conclui que o primeiro-ministro já não avalia quem convida para o Governo e defende que a secretária de Estado da Agricultura tem de ser substituída.
“Mais uma vez, estamos a ver demonstrada uma incapacidade total ou mesmo falta de vontade do Governo e do primeiro-ministro em fazer uma avaliação de idoneidade política das pessoas que traz para o Governo e a cada remodelação, cada vez com mais frequência, trazem-se novas pessoas com problemas de idoneidade”, lamenta.
"Não vejo como é que a secretária de Estado tem condições para exercer o mandato, como é que tem condições para ser respeitada pelo setor ou pela opinião pública e como é que o primeiro-ministro insiste em defendê-la. A solução, eventualmente, terá de passar pela substituição da secretária de Estado. Mas o problema maior foi não se ter evitado a tomada de posse”, conclui João Paulo Batalha.