05 jan, 2023 - 07:00 • Tomás Anjinho Chagas
É a segunda moção de censura em menos de um ano de Governo e, tal como a primeira, vai ser chumbada pela maioria do PS no Parlamento. A primeira, em julho, foi proposta pelo Chega. Desta vez foi a Iniciativa Liberal.
“É um cartão vermelho fortíssimo ao Governo”, explica à Renascença, Rodrigo Saraiva, líder parlamentar do partido, mesmo sabendo que a moção de censura vai esbarrar nos 120 deputados do Partido Socialista.
Rodrigo Saraiva fala em “incapacidade, incompetência e instabilidade” que considera serem da “exclusiva responsabilidade de António Costa”. E se a Iniciativa Liberal se absteve na moção proposta pelo Chega em julho do ano passado, distingue o cenário que o país atravessa neste momento.
“Tinham passado cinco meses das eleições”, assinala o líder parlamentar, sustentando que apesar de discordar- já nessa altura- das políticas dos governos de António Costa, o PS “tinha a responsabilidade da estabilidade” fruto da recente ida às urnas.
Agora, a conversa é outra, diz a Iniciativa Liberal, que sublinha que o executivo revelou “incapacidade” de gerir o país, além da instabilidade que abana o Conselho de Ministros por causa dos “casos e casinhos”.
“É um problema de timoneiro e de políticas. O primeiro-ministro quando fez esta mini-remodelação disse que as pessoas podem estar descansadas porque a política não vai mudar. Esse é que é o problema”, atira o líder da bancada da Iniciativa Liberal.
O momento é de demonstrar desagrado à boleia da polémica que orbita em torno da indemnização de Alexandra Reis quando saiu da TAP, que acabou a ser demitida do cargo de Secretária de Estado do Tesouro, um mês depois de ter sido nomeada por Fernando Medina.
Esse caso é, para os liberais, a gota de água que transborda o copo. “Tudo isto junto (…) leva-nos a apresentar esta moção de censura. O país não aguenta mais nem um dia com esta incapacidade, incompetência e instabilidade do Governo do PS”, sentencia Rodrigo Saraiva.
Esta terça-feira, depois de reunir-se com os deputados do PSD, Luís Montenegro anunciou que o partido vai abster-se na votação da moção de censura porque “é responsável” e “não quer derrubar o Governo” nesta altura.
O sentido de voto motiva críticas dos liberais, que consideram que ao concordar com os problemas no Governo e não votar a favor, o PSD “está a ser inconsequente”.
“Ao apresentarmos esta moção de censura estamos a ser consequentes. Criticamos, apontamos alternativas e apresentamos esta moção”, estabelece o líder parlamentar da IL. Por oposição, Rodrigo Saraiva diz que “quem tem um discurso muito similar ao nosso, mas depois não vota a favor, não é consequente”.