06 jan, 2023 - 11:31 • Tomás Anjinho Chagas
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"Deixe estar. Está tudo bem". Foi assim que o primeiro-ministro respondeu às questões dos jornalistas sobre a demissão desta quinta-feira da secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves.
O líder do executivo esteve na manhã desta sexta-feira na inauguração da Residência Nossa Senhora da Piedade, em Almada- um lar que foi renovado com o dinheiro do Plano de Recuperação e Resiliência- em mais uma iniciativa do "PRR em Movimento".
À saída, o primeiro-ministro não quis responder à comunicação social, e enquanto caminhava para o carro respondeu: "Deixe estar, deixe estar. Está tudo bem. Bom ano, não vale a pena estarmos nesta correria todos". Logo depois, parou para tirar uma fotografia com uma criança, e entrou de seguida para o carro em silêncio.
O primeiro-ministro não falou sobre a saída de Carla Alves da secretaria de Estado da Agricultura- a 12ª demissão do Governo em nove meses- conhecida esta quinta-feira depois de o presidente da República ter assumido que Carla Alves estava "politicamente limitada" e que representaria "um peso político negativo" daqui em diante.
Em causa estão as suspeitas de corrupção que recaem sobre o marido, Américo Pereira, ex autarca de Vinhais, e o consequente arresto das contas bancárias, algumas delas partilhadas com Carla Alves, secretária de Estado que durou menos de 26 horas no Governo.
Esta sexta-feira, o ministério da Agricultura enviou um comunicado às redações onde garante que a ministra, Maria do Céu Antunes, não sabia do envolvimento de Carla Alves "em processos judiciais" quando a escolheu para o Governo. No entanto, a nota não revela se a ministra sabia, ou não, que o marido da secretária de Estado está envolvido em casos judiciais; e se sabia que as contas bancárias de Carla Alves estão em causa.
A visita do primeiro-ministro a este lar em Almada enquadra-se na iniciativa "PRR em Movimento", onde o Governo vai percorrer o país e conhecer obras alavancadas pela bazuca europeia.
É uma tour que começou no início deste ano, depois de vários avisos de Marcelo Rebelo de Sousa sobre a execução dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência. Esta sexta-feira, António Costa garantiu que "o PRR está a ser executado" e deu o exemplo dos lares como beneficiários deste pacote europeu, num discurso no interior da instituição.
"Não se estava a investir em residências para idosos antes do PRR? Claro que se estava. (...) Mas com o PRR conseguimos acrescentar 14 mil camas. Isso é um aumento de 30% a oferta de camas disponíveis", defende o primeiro-ministro, ressalvando que "o setor social é um parceiro que também está a executar o PRR".
Costa adverte ainda que "o PRR não visa atribuir subsídios", assumindo que essa é uma perceção que existe por causa do timing da aprovação da bazuca- anunciado em plena pandemia.
A acompanhar o primeiro-ministro esteve o seu novo secretário de Estado adjunto, António Mendonça Mendes, e a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho. António Costa segue, ainda esta sexta-feira, para Braga, para uma nova paragem da iniciativa "PRR em movimento", onde vai visitar as instalações de um outro lar. Sobre a crise política, o primeiro-ministro preferiu não falar esta manhã.