06 jan, 2023 - 16:39 • Diogo Camilo
O ministro das Finanças, Fernando Medina, diz que, apesar da demissão como secretária de Estado do Tesouro, “em nenhum momento” foi colocada em causa a competência de Alexandra Reis e que “não se pode criticar o trabalho que realizou”, sendo questionado por André Ventura se foi “enganado” por Pedro Nuno Santos na nomeação da ex-governante.
Em audição no Parlamento na Comissão de Orçamento e Finanças, Medina foi questionado pelo líder do Chega sobre se conhece o administrador financeiro da TAP, Gonçalo Pires, e como pode manter a confiança no gestor, responsável pela indemnização de 500 mil euros à ex-administradora da companhia aérea Alexandra Reis.
“Não sei de que relatório estamos à espera para nos dizer que este administrador não tem condições para continuar”, disse Ventura.
Medina respondeu: “Eu ainda vou mais longe. Não é adequada a decisão de alteração de órgãos sociais sem prévia comunicação ao Ministério das Finanças. Já o disse publicamente e será avaliado pela Inspeção-Geral de Finanças, se a decisão cabe às tutelas políticas ou aos administradores.”
Ministro no Parlamento
Ministro das Finanças assume que assinou nomeação (...)
O ministro das Finanças indicou que, enquanto desempenhou funções com o ministro Pedro Nuno Santos, a sua relação e acompanhamento sobre a pasta da TAP foi “regular, próxima e de fluidez entre os dois ministérios”.
Ventura questionou ainda o conceito de “abraçar novos desafios”, indicado pela TAP no documento que deu a conhecer a saída de Alexandra Reis. “Demitiu-se mas recebeu indemnização”, questionou, levantando suspeitas sobre uma possível ilegalidade da administração da TAP.
Medina referiu que “não gostaria de emitir nenhum juízo” por decisões que o antecederam. “A conclusão a que chego é que foi enganado por Pedro Nuno Santos”, respondeu André Ventura.
Em Nome da Lei
É o que defendem os especialistas ouvidos pela Ren(...)
Sobre as competências de Alexandra Reis, o líder do Chega questionou Medina do porquê de uma “excelente gestora” ter sido despedida: “Quem não serve para a TAP, serve para a NAV?”
“Em nenhum momento foi colocada em causa a competência de Alexandra Reis em todo este processo. Pode-se criticar múltiplos aspetos, mas o currículo de Alexandra Reis fala por si e não se pode criticar o trabalho que realizou”, respondeu.
Alexandra Reis foi demitida a 27 de dezembro por Medina das funções de secretária de Estado do Tesouro, menos de um mês depois de ter sido nomeada para o Governo e quatro dias depois do início da polémica com a indemnização de 500 mil euros que a ex-governante recebeu como administradora da TAP.
Pedro Nuno Santos demitiu-se no dia seguinte, assumindo a “responsabilidade política" do caso, dado que a empresa era tutelada pelo seu Ministério das Infraestruturas.