16 jan, 2023 - 21:59 • Susana Madureira Martins
Carlos César surge cortante em declarações à Renascença, após Luís Montenegro ter referido esta segunda-feira os alegados "atropelos democráticos" cometidos pelo antigo líder regional dos Açores e que este "não é exemplo em formar equipas e em poder criar condições de governabilidade".
O presidente do PS, um dos principais conselheiros do primeiro-ministro, diz que o "único comentário" que tem a fazer é "o de dizer ao dr. Montenegro" que "nunca" teve "dificuldades em formar equipas, nem com as equipas" que formou "em 16 anos de governo nos Açores".
O dirigente nacional do PS acrescenta que "não são conhecidos, em todo esse período" de governação PS na região autónoma, "atropelos democráticos, ou, sequer, processos judiciais por abusos de poder e, ainda menos, corrupção", numa óbvia indireta à operação Vórtex, que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva e abuso de poder e que, para além de envolver um ex-autarca do PS, envolve também o deputado do PSD Joaquim Pinto Moreira.
Sibilino, César atira ainda, nesta resposta a um pedido de comentário às declarações do líder do PSD, que percebe "desorientação" de Luís Montenegro, mas que "ele só se deve queixar de si próprio e dos seus adversários internos".
Esta tarde em Coimbra, Luís Montenegro acusou Carlos César de não ser "um exemplo a formar equipas e a criar condições de governabilidade", acrescentando que "são conhecidos todos os atropelos democráticos que cometeu enquanto foi presidente do governo regional dos Açores”.
Montenegro comentava declarações do presidente do PS no final da Comissão Nacional do partido que se realizou no sábado, também em Coimbra, em que César assumiu que os casos que envolveram membros do Governo e autarcas não foram bons e defendeu que se impõe maior cuidado nas escolhas de representantes do partido.
De registar, que esta troca de galhardetes começou precisamente na Comissão Nacional do PS, onde Carlos César ironizou em relação ao desafio de Luís Montenegro para que António Costa aplique o questionário de verificação de potenciais governantes aos atuais membros do executivo.
Ora, o presidente do PS foi curto e irónico na resposta que deu aos jornalistas: "O Dr Luis Montenegro é que está em teste no interior do PSD, portanto não está em grandes condições de arbitrar questões dessa natureza".