21 jan, 2023 - 12:06 • Carla Caixinha
O PSD considera “altamente preocupantes as revelações” de que João Gomes Cravinho estava a par das contas no Hospital Militar de Belém. Segundo o jornal Expresso, o ex-ministro da Defesa e atual ministro dos Negócios Estrangeiros foi informado em março de 2020 de que o custo das obras no antigo hospital estava a derrapar.
Porém, o governante tem dito sempre que desconhecia a derrapagem de mais de dois milhões de euros.
"O que conta é a responsabilidade política", atira Paulo Rangel em conferência de imprensa, acusando o ministro de nada ter feito para evitar ou travar a derrapagem.
Rangel diz que o ministro dos Negócios Estrangeiros “está ferido na sua autoridade política, mas tem que ser o Governo a assumir que fracassou”.
“É o Primeiro-ministro que tem de assumir responsabilidades”, disse o vice-presidente do PSD, defendendo que António Costa é que tem de fazer o seu juízo sobre o que classifica como “a decomposição progressiva do Governo e da sua autoridade”, fazendo também referência à investigação judicial que visa o desempenho do ministro das Finanças quando foi presidente da Câmara de Lisboa.
Para o vice-presidente do PSD, o “Governo está ocupado a lamber as suas próprias feridas”.
“Vemos uma degradação do ambiente político cada vez mais intensa.”
“O PSD não se conforma com este estado de apodrecimento progressivo do Governo e das instituições à frente das quais o Governo está”, conclui.
A comissão parlamentar de Defesa aprovou sexta-feira, com a abstenção do PS, a audição do ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, e do secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira, sobre a investigação "Tempestade Perfeita".
A operação "Tempestade Perfeita" foi desencadeada em dezembro pela Polícia Judiciária, em coordenação com o Ministério Público, e resultou em cinco detenções, entre as quais três altos quadros da Defesa e dois empresários, num total de 19 arguidos, que respeita ao período em que João Gomes Cravinho tutelou aquele ministério.
Um dos cinco detidos é o ex-diretor-geral de Recursos da Defesa Nacional Alberto Coelho, alegadamente envolvido na derrapagem nas obras de requalificação do Hospital Militar de Belém.
Em causa estão gastos de cerca de 3,2 milhões de euros na empreitada para reconverter o antigo Hospital Militar de Belém, em Lisboa, num centro de apoio à Covid-19, obra que tinha como orçamento inicial 750 mil euros.
A derrapagem foi revelada por uma auditoria da Inspeção-Geral da Defesa Nacional (IGDN), que visou a atuação de Alberto Coelho.