26 jan, 2023 - 20:58 • Lusa
Os vereadores do PS na Câmara de Lisboa afirmaram hoje que "é totalmente falso" que o atual presidente do executivo municipal, Carlos Moedas (PSD), tenha começado "do zero" o trabalho de preparação da Jornada Mundial da Juventude.
"É totalmente falso e facilmente desmentível que, quando Carlos Moedas assumiu o cargo, este tenha começado o trabalho de preparação da Jornada da Juventude "do zero" e que "não estava nada feito"", asseguram os socialistas, em comunicado, apresentando o que foi feito pelo anterior executivo camarário, sob presidência de Fernando Medina (PS) que perdeu a reeleição ao cargo contra o social-democrata.
Em causa estão declarações de Carlos Moedas, aos jornalistas esta manhã, sobre a preparação da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em que justificou o recurso à contratação por ajuste direto e assegurou que foi "além do que a lei diz".
Segundo Carlos Moedas, a escolha de Lisboa para acolher o evento foi anunciada em 2019 e quando assumiu a presidência da Câmara de Lisboa, em outubro de 2021, "não estava nada feito".
Autarca de Lisboa explica que, face aos custos da (...)
Do investimento do município de Lisboa na JMJ que poderá ir até aos 35 milhões de euros, a vereação do PS defende que "as duas únicas obras que transformam a cidade foram lançadas pelo anterior executivo, através de concursos púbicos", nomeadamente a conversão do aterro sanitário de Beirolas para o parque onde o evento vai decorrer, em que o anúncio do procedimento foi publicado em setembro de 2021 e com o valor do preço base de sete milhões de euros.
A outra obra, referem, é a ponte pedonal e ciclável no rio Trancão, ligando Loures a Lisboa, cujo anúncio do procedimento foi publicado em junho de 2020 e com o preço base de 3,5 milhões de euros.
Em comunicado, os socialistas colocam em causa a informação da liderança PSD/CDS-PP, que governa sem maioria absoluta, que tem referido "insistentemente" que, das empreitadas em curso ou em preparação para a JMJ, "cerca de 19 milhões de euros serão para pagar obras de transformação da cidade e que ficarão para sempre, muito depois de concluído o evento".
"As obras de infraestrutura, que demoram mais tempo e ficarão para a cidade, estavam lançadas e prontas para ser adjudicadas nas primeiras semanas de Carlos Moedas na CML [Câmara Municipal de Lisboa]", indica o PS, referindo que "até o projeto para o palco estava desenhado e pronto há vários meses".
O projeto proposto pelo PS para o palco passava por "uma solução bastante mais simples e menos dispendiosa que a atual, não necessitando sequer da construção de fundações para suportar o peso da pala gigantesca entretanto exigida pela nova direção da SRU", lê-se na nota.
"Se algum motivo atrasou os procedimentos foi a indefinição permanente dentro da CML com a pasta da Jornada, levando mesmo à demissão da vereadora responsável pela sua coordenação, Laurinda Alves", apontam os socialistas.
Para a vereação do PS, a contratação por ajuste direto das obras para a JMJ "foi uma escolha de Carlos Moedas, não havendo qualquer razão para o fazer que não a escolha política feita pela sua equipa".
Acusando a liderança PSD/CDS-PP de recorrer ao ajuste direto de forma "extensiva e intensiva", os socialistas criticam a falta de transparência neste âmbito, nomeadamente a escolha política de "ocultar o caderno de encargos, nas duas empreitadas do palco, do portal de contratação pública, ao contrário do que acontece com todos os outros contratos".
"A conversa da transparência de Moedas é isso mesmo, conversa", reclama o PS.
De acordo com os socialistas, desde junho de 2022 que ficou assumido que a Câmara de Lisboa tinha de fazer o altar, com os prazos expeditos permitidos pela alteração legislativa para a JMJ, pelo que "qualquer concurso público lançado até setembro de 2022 ou outubro garantiria que a obra começava no dia em que vai acontecer através do ajuste direto".
"Atirar a responsabilidade pelo aluguer de palcos ou outras estruturas efémeras, que só agora estão a ser contratadas por ajuste direto, para um executivo que terminou funções dois anos antes da Jornada da Juventude é uma encenação forçada e desesperada de quem não quer assumir que nada fez durante mais de um ano", defende o PS, responsabilizando a liderança PSD/CDS-PP.
Para ter acesso a toda a informação e documentação sobre a intervenção da Câmara de Lisboa na preparação da JMJ, incluindo os contratos celebrados, o PS apresentou um requerimento com 10 questões concretas, incidindo também sobre o altar-palco.
A Jornada Mundial da Juventude, considerada o maior acontecimento da Igreja Católica, vai realizar-se este ano em Lisboa, entre 01 e 06 de agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.
As principais cerimónias da jornada decorrem no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.
As jornadas nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.