30 jan, 2023 - 11:56 • Tomás Anjinho Chagas
Os 365 dias de maioria absoluta não satisfazem o PCP. Os comunistas falam numa "situação social explosiva" e deixa o aviso à navegação: "A maioria absoluta do PS, por si só, não lhe permite chegar até ao fim".
Paulo Raimundo, novo secretário-geral do PCP, tornou-se líder comunista já depois dessa conquista do PS, e apesar de garantir que não tem "nenhuma obsessão com eleições antecipadas", avisa o executivo que o tempo "vai-se esgotando".
"Nós não temos nenhuma obsessão com eleições, nem queremos fazer nenhum esforço para isso. O que queremos é que o governo, que tem os instrumentos todos na mão- inclusive uma maioria absoluta-, que cumpra, que dê respostas", pede em declarações aos jornalistas em Beja esta segunda-feira.
No entanto, o líder comunista assume que a paciência não é infinita: "O tempo vai-se esgotando. Já lá vai um ano com as condições todas. Se não deu as respostas até agora, ainda vai a tempo de inverter. Mas as respostas que vemos não são nesse sentido", encosta Paulo Raimundo.
Depois da insistência dos jornalistas, o secretário-geral acaba por admitir que o governo pode não resistir à contestação. "Ou há resposta do governo para resolver o problema das pessoas (...), ou elas têm de responder de força mais acentuada a esta política", e concretiza:
"Das duas três: ou cede e dá alternativa - que é o que nós queremos-, ou tem de sair", dispara.
Não houve “lua de mel” para o terceiro Governo de (...)
O sucessor de Jerónimo de Sousa no leme comunista foi ainda questionado sobre a não-nomeação de uma pessoa para substituir Carla Alves- secretária de Estado da Agricultura que foi demitida depois de ser noticiado que teria contas bancárias com o marido que estão arrestadas. Raimundo lamenta: "Acho que é uma opção errada", seca.
O secretário-geral diz que "espera bem" que esse vazio no Ministério não se deva à falta de alguém que passe no questionário de 36 perguntas criado pelo próprio Governo. "Espero bem que não. Espero que o caso não tenha sido esse, seria muito grave. Se não encontrou ninguém que possa passar no exame, nesse crivo, teríamos de deixar de ter secretarias de Estado, e até ministérios", afirma Paulo Raimundo.