30 jan, 2023 - 10:48 • Tomás Anjinho Chagas
Está dado o pontapé de saída nas jornadas parlamentares do PCP. Esta segunda-feira de manhã, Bruno Dias e Paula Santos, deputados comunistas, entraram num comboio no Pragal com o a meta de chegar a Beja. Pelo meio, em Casa Branca, tiveram de trocar, uma vez que a linha deixa de ser eletrificada nesta localidade alentejana.
O objetivo era demonstrar a dificuldade que existe em chegar de um ponto ao outro de transportes públicos, que é impossível ir de Lisboa a Beja (duas capitais de distrito) de comboio sem transbordos. Na estação de Casa Branca juntou-se um terceiro deputado, João Dias- eleito precisamente pelo distrito de Beja.
Quase duas horas e meia depois de terem entrado na carruagem, chegaram finalmente à estação ferroviária de Beja, Paula Santos foi questionada pelos jornalistas e fez um balanço do ano de maioria absoluta do PS.
"Creio que um ano [depois] das eleições fica bem claro que a maioria absoluta não ia resolver os problemas que estão aí", atira Paula Santos, que vai mais longe na responsabilização que faz. "[o PS] tem sido responsável pelo agravamento das condições de vida dos trabalhadores, dos reformados e do nosso povo", sentencia a líder da bancada comunista.
Em jeito de retrospetiva, Paula Santos assinala o "empobrecimento" da maior parte da população, que é acompanhado pelos "lucros dos grandes grupos económicos que não param de aumentar". Na lista dos culpados, Paula Santos junta o PSD, o Chega, a Iniciativa Liberal e do CDS, "cúmplices" do PS na visão dos comunistas.
"A realidade dá-nos razão", sublinha Paula Santos, que reitera que o partido fez bem em chumbar o Orçamento do Estado- evento que precipitou o país para as eleições antecipadas, que acabariam por entregar a maioria absoluta ao PS. Para o PCP, é preciso "uma rotura" com as atuais políticas e o PS tem desperdiçado a maioria parlamentar para a fazer.
Em Beja, falou de Beja. Paula Santos recorda o projeto de resolução que o PCP fez aproveitar na generalidade, para o "aproveitamento do Aeroporto de Beja", mas esclareceu que essa ideia não se sobrepõe à vontade de construir o novo aeroporto de Lisboa no Campo de Tiro de Alcochete.
No caminho ouviram as queixas de quem ali vive, e para quem a compra de um bilhete pode ser um pesadelo. "O distrito de Beja tem uma população envelhecida", introduz Maria Antónia Sobral, passageira que seguia dentro da carruagem. Assinala a falta de funcionários nas estações, que forçam os clientes a comprar os bilhetes online: "Muita gente nem sabe o que é a internet. Ou se sabe, só ouviu falar", lamenta esta transeunte, cujo sotaque denuncia a origem.
É precisamente sobre a ferrovia que o PCP quer falar. Paula Santos anunciou que vai propôr um debate de atualidade sobre o tema.