08 fev, 2023 - 18:09 • Tomás Anjinho Chagas
“É muito dinheiro!”. É assim que o Bloco de Esquerda (BE) reage à mudança das instalações da Gebalis, noticiada hoje pela Renascença, e que implica o pagamento de mais de 30 mil euros em renda.
Esta empresa municipal, que gere os bairros de habitação social em Lisboa, está desde o início do mês num edifício alugado no Campo Pequeno, onde paga 33 mil e 500 euros por mês de renda. Até aqui estava nas instalações próprias do Bairro Alfredo Bensaúde, na freguesia dos Olivais.
“Não compreendemos que a Gebalis tenha de ir para um espaço provisório que custa dezenas de milhares de euros todos os meses”, diz à Renascença o vereador do Bloco de Esquerda na Câmara de Lisboa em regime de substituição, Ricardo Moreira.
Sobre a mudança em si, o BE diz compreender “as legítimas pretensões dos trabalhadores para terem melhores condições de trabalho”. O problema está na escolha.
Os bloquistas garantem que “havia, com certeza, outras soluções” e que a empresa municipal poderia ir para um espaço da Câmara Municipal de Lisboa. A autarquia “tem muitos espaços espalhados pela cidade” que poderiam servir para o efeito.
“A CML tem 10 mil trabalhadores, e tem espaços espalhados por toda a cidade”, argumenta Ricardo Moreira, que critica que “se tenha escolhido um espaço que represente uma despesa adicional de 33 mil euros por mês, ou seja, de quase 400 mil euros por ano”.
O Bloco exclama que a renda agora paga pela Gebalis “é muito dinheiro” e que não compreende a mudança porque “havia outros espaços”.
O partido vai mais longe e questiona a saída das antigas instalações do Bairro Alfredo Bensaúde, situadas precisamente num bairro de habitação social. “Esse bairro municipal é da responsabilidade da Gebalis, e se os trabalhadores não têm condições para estar nesse bairro, como é que estão as centenas de famílias lá moram”, atira Ricardo Moreira.
O vereador, que está a substituir temporariamente Beatriz Gomes Dias, deixa a pergunta sobre os moradores: “A Gebalis considera que aquele bairro cumpre, do ponto de vista da habitação, a legislação em vigor no campo da higiene, saúde e segurança?”.
Em declarações à Renascença, João Ferreira, do PCP, considera incompreensível a mudança de sede da Gebalis.
O vereador da Câmara de Lisboa não encontra um racional nesta decisão, uma vez que a autarquia tem vários prédios devolutos.
“É uma decisão que consideramos incompreensível, não apenas do ponto de vista do que deve ser uma boa gestão dos recursos públicos municipais, uma vez que a câmara, sendo detentora de um vasto património, podia aproveitar esse património para instalar a sede desta empresa, em vez de estar a arrendar a um privado”, afirma João Ferreira, do PCP.
[notícia atualizada]