07 mar, 2023 - 19:33 • Tomás Anjinho Chagas
O silêncio mantém-se. O Presidente da República prefere não comentar as conclusões do relatório da Inspeção-Geral da Finanças (IGF) sobre a indemnização a Alexandra Reis, que culminou na demissão da CEO da TAP e do presidente do Conselho de Administração da companhia aérea.
Sobre as medidas tomadas em relação aos padres suspeitos, pela Conferência Episcopal Portuguesa, na passada sexta-feira, depois de ter recebido uma lista dos alegados abusadores sexuais de menores, Marcelo Rebelo de Sousa também atira para quinta-feira.
“Temas como IGF, habitação, abusos sexuais, maus-tratos [em lares], quinta ou sexta-feira falo”, disse o chefe de Estado em declarações aos jornalistas à margem de uma conferência na Universidade Católica Portuguesa.
Porquê? Perguntaram os jornalistas ao Presidente da República. “Eu tenho um calendário fixo”, respondeu Marcelo Rebelo de Sousa de forma lacónica.
O Presidente da República, que já esta manhã tinha garantido ao Expresso que o silêncio termina na quinta-feira, vai dar uma entrevista à RTP e ao Público, e até lá a estratégia é não comentar os assuntos que têm marcado a atualidade.
Não obstante dessa opção, o chefe de Estado não abdica de ter agenda pública. Esta terça-feira, por exemplo, o Presidente da República marcou presença num seminário sobre a presença das mulheres na diplomacia, organizado pelo Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa.
Apesar de
curto nas declarações que fez aos jornalistas, no auditório o presidente da República
falou mais de uma hora com centenas de alunos sobre temas como a importância da diplomacia, da necessidade
de haver mais mulheres no corpo diplomático, sobre a subrepresentação do sexo
feminino na política e também nos meios militares.
Um dos momentos que marcou foi quando Marcelo Rebelo de Sousa falava sobre a falta de mulheres na política em Portugal. Depois de mencionar (sempre em inglês) que Maria de Lourdes Pintasilgo tinha sido a única primeira-ministra desde o 25 de abril de 1974, o Chefe de Estado lembrou que nenhuma mulher foi eleita para o Palácio de Belém.
"Em quase 49 anos de democracia, nunca tivémos uma mulher na presidência da República", lamentou Marcelo Rebelo de Sousa. Depois, olhou para a plateia e apontou para a primeira fila. Era lá que estava sentada Ana Gomes, antiga diplomata, filiada no PS, que já concorreu nas eleições presidenciais em 2021 e que foi derrotada precisamente por Marcelo Rebelo de Sousa.
"Temos aqui uma candidata", comentou o presidente da República, numa frase que fez soltar um riso coletivo do auditório. Mas prosseguiu com a provocação: "Quem sabe se ela não é a próxima presidente da República! Quem sabe... em dois anos e dez meses daqui!".