10 mar, 2023 - 13:42 • Lusa
A Iniciativa Liberal defendeu esta sexta-feira que a única solução para o serviço ferroviário é a "concorrência e a concessão, privatização ou subconcessão da CP", com o Governo a questionar como seria garantida a paz social nesse modelo.
“Com o governo do PS, os portugueses continuarão por muitos anos privados de soluções ferroviárias adequadas. O martírio diário nas ligações suburbanas continuará e continuarão os atrasos e maus serviços no longo curso, capitais de distrito sem comboio e os atrasos e as promessas por cumprir nas infraestruturas em todo o país”, criticou o presidente da IL, Rui Rocha, no debate de urgência agendado pela IL sobre o estado do transporte ferroviário.
Na opinião de Rui Rocha, “a IL teve razão na TAP, nas PPP na saúde, nos contratos de associação e tem razão na habitação”, tal como “tem razão na ferrovia”.
“A Iniciativa Liberal tem razão quando defende que a única solução para o serviço ferroviário é a concorrência e a concessão, a privatização ou subconcessão da CP”, enfatizou, afirmando que se “o PS continuar a colocar a ideologia à frente dos interesses do país, continuará a falhar aos portugueses também na ferrovia”.
Pelo Governo, esteve presente o secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco, que considerou que a IL fez um “discurso a lamentar o efeito das greves, ao mesmo tempo que defende a privatização do setor”.
“Aquilo que eu questiono é como é que a IL propõe garantir a paz social. Se estão em condições de dizer aos trabalhadores que fazem greve que, no modelo da IL, conseguirão defender melhor os seus direitos no que no modelo atual”, perguntou, dando o exemplo do Reino Unido, país onde foram “pioneiros na fragmentação e privatização do setor e estão agora a reverter essa privatização”.
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O governante defendeu que se pode ficar preso “aos incidentes, aos pormenores, apontar defeitos e insuficiências que existem” e que o Governo não nega “e que vão demorar tempo a eliminar”, mas isso não deve impedir o reconhecimento das melhorias.
“E que há muito, há várias décadas que não se fazia tanto pelo caminho-de-ferro em Portugal”, sublinhou.
O incidente da semana passada com um comboio lotado devido à greve que, na linha de Sintra, parou depois de um passageiro acionar o alarme, também foi trazido para este debate pelo deputado do PSD, António Proa.
Segundo o social-democrata, o que se passou “na linha de Sintra é intolerável” e “o retrato do transporte ferroviário em Portugal, de um Governo incapaz e incompetente, que tem que pedir desculpa, que tem que dar explicações, mas sobretudo tem que cumprir o que disse”.
Para António Proa, o estado destes transportes é como o do Governo do PS: ”não é confiável e presta um mau serviço aos portugueses”.
Pelo PS, José Carlos Barbosa que, em relação a este incidente, assegurou que não esteve em causa a segurança dos passageiros porque as linhas foram de imediato interditadas.
Lamentando a ocorrência, o socialista recusou, no entanto, o “populismo e demagogia”, discordando ainda “por completo da análise da IL” de que a situação se resolveria com a privatização e defendendo o caminho do serviço público.
Pelo Chega, André Ventura considerou que os factos que têm ocorrido na ferrovia “são o símbolo maior da incompetência do Governo”, referindo que “a sobrelotação das principais linhas nem sequer é de agora” e questionando o secretário de Estado sobre quando se pode esperar a alta velocidade em Portugal.
A deputada do BE Mariana Mortágua disse que os problemas da ferrovia não se resolvem “nem privatizando nem culpando as greves”, criticando assim a posição dos liberais, questionando a bancada de Rui Rocha se os CTT, a ANA ou Meo prestam melhor serviço por serem privadas.
Já pelo PCP, Bruno Dias solidarizou-se com os utentes e funcionários do transporte ferroviário, acusando a IL de ter marcado “um debate para atacar a greve e os trabalhadores em luta”, considerando que, para além do caso da linha de Sintra, “não é de hoje nem de ontem que por exemplo na Fertagus há casos das pessoas que desmaiam com a sobrelotação”.
Rui Tavares, do Livre, afirmou que “a ferrovia é uma área na qual o país infelizmente falhou”, criticando o facto de a IL não ter trazido “nenhuma solução” a não ser “esvaziar o direito à greve e depois falir a CP para a vender”.
Já pelo PAN, Inês Sousa Real considerou que o incidente na linha de Sintra “mostra o estado a que chegou a ferrovia, mas também o país”, questionado o executivo sobre para quando “uma maior aposta na ferrovia”.