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Com o PSD a duas vozes, Chega quer ser relator na comissão de inquérito à TAP

16 mar, 2023 - 20:33 • Manuela Pires

​Luís Montenegro critica o facto de o Partido Socialista ter a presidência da comissão e ser também o relator. O Chega aproveita a polémica e quer ser ele a ter a responsabilidade de fazer o relatório final da comissão de inquérito à TAP.

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Ainda não começaram as primeiras audições e a comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP já está envolta numa primeira polémica por causa da escolha da relatora do Partido Socialista.

E em menos de 24 horas tudo mudou. O PSD, que inicialmente elogiou, passou a criticar, e o Chega, que ficou em silêncio, quer agora ser o relator da comissão.

Mas vamos por partes. Na quarta-feira à noite, na reunião da comissão de inquérito, o PS apresentou a deputada Ana Paula Bernardo para ser a relatora, apenas o PSD se pronunciou com o deputado Paulo Moniz a não ter nada a opor.

“Quero começar por felicitar a deputada Ana Paula Bernardo por este desafio, ao qual naturalmente não nos opomos à escolha feita pelo PS. Queremos, como se impõe, endereçar votos de que o trabalho seja rigoroso e reflita tudo o que esta CPI [comissão parlamentar de inquérito] consiga demonstrar, porque este é o objetivo fundamental e primeiro de um relator. Temos essa firme expectativa nesta fase, o currículo que o deputado Carlos Pereira acabou por ler não nos levanta ou suscita qualquer dúvida em relação a essa matéria. É aquilo que se impõe sempre: desejar um excelente trabalho enquanto relatora” referiu o deputado Paulo Moniz, que é o coordenador do PSD na comissão parlamentar de inquérito.

O presidente da comissão, Jorge Seguro Sanches, dá oportunidade a outros deputados para tomarem a palavra, mas como ninguém mostra interesse, conclui que, por unanimidade, a deputada é designada como relatora da comissão.

Se na reunião o deputado do Chega ficou em silêncio, esta quinta-feira à tarde o presidente do partido, André Ventura, diz que estudou melhor a lição e chegou à conclusão que é ao Chega que cabe a tarefa de ser relator e vai propor isso mesmo na próxima reunião da comissão.

“Não levantámos esse facto e não levantamos oposição, entretanto estudámos a questão e vamos colocá-la na próxima reunião”, afirmou André Ventura.

O deputado recordou que, quando foi decidida a atribuição da presidência da CPI, o seu partido e o PS estavam ‘empatados’ pelo método de Hondt, e os serviços concluíram que este lugar deveria ser atribuído aos socialistas.

“Após consulta aos serviços, entendemos que não é impossível que a distribuição do relator entre nas mesmas regras da distribuição das presidências. Se o Chega estava empatado, faz sentido, para não coincidir com o presidente, que seja o partido relator”, disse aos jornalistas.

Montenegro contraria bancada do PSD

Mas toda esta polémica surge à hora do almoço desta quinta-feira, quando Luis Montenegro critica a escolha do PS para relator da comissão.

Em declarações aos jornalistas, no final da reunião da bancada parlamentar na Assembleia da República, Luis Montenegro avisou mesmo que não ia permitir que a maioria socialista condicione os trabalhos da comissão.


“O Partido Socialista não ficou satisfeito com a presidência da comissão e também quer ter o relator, resta saber se já tem as conclusões feitas. Nós não vamos pactuar com isto”, garantiu Luís Montenegro.

É mais uma divergência entre a bancada parlamentar do PSD e a liderança do partido. Esta quinta-feira, Luis Montenegro criticou o facto do PS ter a presidência da comissão parlamentar de inquérito à TAP e ao mesmo tempo a relatora da comissão ser também socialista.

Horas depois, o deputado que tinha elogiado a relatora socialista, vem dizer que não havia nada a fazer porque o PS tem maioria e o nome “seria sempre aceite”.

Aproveitando esta divergência o Partido Socialista fala em desnorte no PSD. O deputado Carlos Pereira diz que o PSD não apresentou qualquer proposta alternativa na comissão parlamentar de inquérito.

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